Representante do México no concurso, Fatima Bosch foi coroada Miss Universo nesta sexta-feira, 21, após uma competição marcada por escândalos de racismo, acusações de manipulação dos resultados e uma reviravolta: ela tornou-se a favorita após ser insultada no palco pelo diretor da competição, que ocorreu na Tailândia, Nawat Itsaragrisil.
“Acredite no poder da sua autenticidade”, disse Bosch após a coroação. “Seus sonhos importam, seu coração importa. Nunca deixe ninguém fazer você duvidar do seu valor.”
Em um evento do concurso transmitido ao vivo no início deste mês, Nawat repreendeu publicamente Bosch por não publicar conteúdo promocional suficiente sobre o Miss Universo, chegando a chamá-la de “idiota” — embora ele tenha negado, insistindo que na verdade a tinha acusado de causar “danos” (o que seria uma confusão entre as palavras “dumbhead” e “damage“, em inglês).
Bosch reagiu aos insultos, afirmando que “tenho uma voz” e que Nawat não a estava “respeitando enquanto mulher”. O diretor do Miss Universo Tailândia chamou seguranças para escoltá-la para fora da sala, e outras candidatas se levantaram e saíram em solidariedade. O incidente gerou repercussão mundial, inclusive da presidente do México, Claudia Sheinbaum, que descreveu o episódio como uma “agressão” com a qual Bosch lidou com “dignidade”.
Quem é Fatima Bosch
Nascida em 19 de maio de 2000 em Teapa, Tabasco, Bosch construiu uma carreira significativa unindo formação internacional em moda, experiência em concursos de beleza e uma postura firme.
Ela começou os estudos na Escola Arjí, em Villahermosa, e depois seguiu para o campo do vestuário e design de moda na Universidade Ibero-Americana, ampliando seus conhecimentos na Nuova Accademia di Belle Arti (NABA), em Milão, e no Lyndon Institute, em Vermont, nos Estados Unidos. Bosch tem falado abertamente sobre o bullying que enfrentou na escola por ter dislexia e TDAH, desafios que ela transformou em força.
Sua formação reflete interesse pela indústria fashion, área em que atua como modelo, criadora de conteúdo e embaixadora de temas ligados ao empoderamento feminino.
Antes de tornar-se internacionalmente reconhecida, a miss já havia marcado presença no cenário regional. Em abril de 2018, foi coroada Flor de Oro Tabasco, tornando-se a décima representante de seu município, Teapa, a conquistar o título. Desde então, consolidou seu nome em outros concursos nacionais.
Em setembro de 2025, Bosch venceu a segunda edição do Miss Universo México, em Zapopan, Jalisco. O triunfo garantiu a ela fama instantânea nas redes sociais, acumulando mais de 990 mil seguidores no Instagram e 690 mil no TikTok, bem como a vaga para o Miss Universo, transformando-a na primeira mulher de Tabasco a representar seu país na disputa global. Ela é a quarta mexicana a ser coroada, depois de Lupita Jones, em 1991, Ximena Navarrete, em 2010, e Andrea Meza, em 2021.
Além do insulto: racismo e “manipulação de resultados”
Entre outras controvérsias na edição de 2025 da competição, a Miss Universo 1996, Alicia Machado, foi criticada por fazer comentários racistas em uma transmissão ao vivo no Instagram sobre o incidente envolvendo Bosch e Nawat. Ela se referiu ao diretor do concurso como “aquele chinês desprezível” e, quando um usuário apontou em comentário na live que ele era tailandês, a miss respondeu: “Chinês, tailandês, coreano. Para mim, todas essas pessoas com olhos puxados como os dele são chinesas”, enquanto usava os dedos para puxar os cantos dos olhos para cima.
Além disso, dias antes da coroação da vencedora, dois jurados renunciaram abruptamente à competição, um por “motivos pessoais imprevistos”, o outro acusando o Miss Universo de ser manipulado. O compositor Omar Harfouch afirmou no Instagram que deixou o júri de oito membros porque havia um outro grupo secreto, paralelo e “improvisado” que já tinha pré-selecionado as 30 finalistas antes da última fase do concurso.
“Eu não poderia ficar diante do público e das câmeras de televisão, fingindo legitimar uma votação da qual nunca participei”, disse Harfouch em um comunicado.
A MUO negou as acusações afirmou que elas “distorcem” o processo de julgamento.
“A Organização Miss Universo esclarece categoricamente que nenhum júri improvisado foi criado, que nenhum grupo externo foi autorizado a avaliar as candidatas ou selecionar as finalistas, e que todas as avaliações do concurso continuam a seguir os protocolos estabelecidos, transparentes e supervisionados da MUO”, afirmou um comunicado.
