O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reunirá com o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, neste sábado, 22, após um comentário controverso do alemão sobre a estadia em Belém, no Pará, palco da 30° Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30). O encontro ocorrerá às margens da cúpula do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, em Joanesburgo, na África do Sul.
O mal-estar diplomático teve início após o chanceler (cargo equivalente a premiê) comparar as belezas das cidades da Alemanha com as de Belém. Em vídeo viralizado nas redes sociais, o chanceler explica que perguntou aos repórteres que o acompanharam no evento quais deles gostariam de permanecer na cidade amazônica. A resposta foi unânime: “Ninguém levantou a mão”, afirmou ele.
“Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos”, acrescentou Merz no vídeo, disponibilizado no site oficial do Congresso Alemão do Comércio.
A fala gerou reações de políticos brasileiros, de ambientalistas e da membros da oposição no país europeu. O presidente Lula respondeu às críticas do chanceler afirmando ele deveria ter “ido num boteco no Pará”.
“O primeiro-ministro da Alemanha esses dias se queixou, ‘ai eu fui no Pará, mas eu voltei logo porque eu gosto mesmo é de Berlim’. Ele na verdade devia ter ido num boteco no Pará, ele na verdade deveria ter dançado no Pará, ele na verdade deveria ter provado a culinária do Pará, porque ele ia perceber que Berlim não oferece pra ele 10% da qualidade que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém”, disse Lula.
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Sem pedido de desculpas
Em tentativa de retratação, o ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Carsten Schneider, fez elogios ao Brasil por meio de um post nas redes sociais, afirmando que o país é “maravilhoso” e lamentando não poder ficar mais tempo em Belém após a COP. Junto à declaração, o político do Partido Social-Democrata (SPD) compartilhou uma foto em que aparece levantando peixes recém-pescados ao lado de um homem, que acredita-se ser um morador local.
Apesar da repercussão negativa, Merz não pretende pedir desculpas e não avalia que a declaração tenha gerado qualquer mácula nas relações Brasil-Alemanha, disse o porta-voz do governo, Stefan Kornelius, nesta quarta-feira, 19. Ele também apontou que o chanceler teve uma impressão “muito positiva” da visita e que “não há dúvida de que o Brasil é nosso parceiro mais importante em termos geoestratégicos e econômicos na América do Sul”. Ainda na quarta, o alemão voltou a comentar sobre a polêmica e tentou se justificar: “Eu disse que a Alemanha é um dos países mais lindos do mundo, e isso provavelmente o presidente Lula também vai aceitar”.