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O efeito imediato da indicação de Messias ao STF

 

Assim que o presidente Lula confirmou o nome do Advogado-Geral da União (AGU), Jorge Messias, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), os telefones do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foram desligados para ao menos um antigo interlocutor: o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

Alcolumbre e Pacheco deixaram claro suas insatisfações sobre como o líder de Lula articulou a defesa do nome de Messias ao Supremo. A avaliação é que o petista, de forma deselegante, antes mesmo do próprio Lula tomar sua decisão, dava como certa a indicação do AGU.

Sem interlocução com Alcolumbre e Pacheco, Jaques Wagner terá enorme dificuldade para avançar com as pautas do governo no Senado. Afinal, Alcolumbre, atual presidente, e Pacheco, ex-presidente da Casa por quatro anos seguidos, são os principais articuladores do Senado e, até então, vinham trabalhando para avançar com as pautas do governo.

A indicação de Messias deflagra uma nova era na relação entre o governo e o Senado, que até então servia de anteparo aos combos de “maldades” vindos da Câmara dos Deputados, cujo presidente, Hugo Motta, não tem nutrido boa vontade com Lula.

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A parceria no Senado, personificada na figura de seu presidente, tende a se evaporar na esteira da escolha de Lula ao Supremo.

Alcolumbre defendia a indicação de Pacheco considerado por seus pares um nome qualificado para a vaga aberta em decorrência da aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso.

Agora, além de um trabalho hercúleo do governo para pavimentar a aprovação de Messias no Senado, que deverá ser submetido a uma sabatina movida a ressentimentos e com ataques esperados a sua suposta subserviência a Lula, o presidente ainda corre o risco de vê-lo reprovado pelos senadores. Um cenário visto há 129 anos, no governo Floriano Peixoto.

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Alcolumbre não fez questão de esconder sua contrariedade, numa sinalização clara de que haverá retaliações, uma vez que, na ótica de senadores que apoiavam o nome de Pacheco, a vaga de Barroso caiu no colo de Lula, que antecipou sua saída, e era aguardada uma deferência a Pacheco, visto como quem defendeu a democracia, as instituições e ainda a vacina no braço dos brasileiros, no ápice da pandemia, diante de iniciativas consideradas heterodoxas e dotadas de excrescências, durante a pandemia, no governo Bolsonaro.

Na transição, Pacheco, no cargo de presidente do Senado, conduziu as tratativas e as votações que garantiram uma mudança de governo dentro de certa normalidade para Lula assumir a cadeira. No Senado, sua indicação era vista como uma retribuição aos serviços prestados por ele ao país. Agora, após o apagão nos celulares dos principais líderes do Senado, resta saber se Lula e Jaques Wagner encontrarão outra forma de restabelecer contato.

(E eu, leitores da coluna, nem estou falando do fato da esquerda brasileira e de Lula indicarem um homem branco para o STF no Dia da Consciência Negra. Sobre isso, tratarei nesta sexta, 21. Oh… país sem jeito)

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