A rádio do Exército israelense informou nesta segunda-feira, 16, que ao menos oito pessoas morreram devido a uma onda de ataques com mísseis do Irã contra as cidades de Tel Aviv e Haifa, no centro do país. Os foguetes também destruíram casas e deixaram ao menos 87 feridos, segundo o serviço de emergência de Israel, Magen David Adom (MDA) – que anteriormente havia identificado quatro dos mortos como duas mulheres e dois homens, todos com idades próximas a 70 anos.
O ataque ocorreu às vésperas do encontro de líderes mundiais na cúpula do G7, no Canadá, que inevitavelmente deve se debruçar sobre o conflito entre os dois inimigos regionais, que já dura quatro dias. A escalada de hostilidades aumenta temores de que haja uma guerra total no Oriente Médio.
Investida iraniana
A TV estatal iraniana informou que o país disparou pelo menos 100 mísseis contra Israel, sinalizando que não tinha intenção de ceder aos apelos internacionais por uma redução da tensão, enquanto prossegue com sua retaliação ao ataque surpresa contra o programa nuclear e a liderança militar de Teerã na última sexta-feira.
A Guarda Revolucionária do Irã alegou que o último ataque empregou um novo método que fez com que os sistemas de defesa multicamadas de Israel se alvejassem mutuamente.
A empresa britânica de segurança marítima Ambrey detectou incêndios em uma usina de energia nas proximidades de Haifa, após forças iranianas lançarem um ataque com míssil balístico contra a infraestrutura portuária da cidade no norte do país. Imagens de vídeo mostram os militares israelenses interceptando o ataque inicialmente, mas depois vem o impacto de dois mísseis hipersônicos.
Antes da nova rodada de investidas, os ataques iranianos haviam matado pelo menos catorze pessoas em Israel, com três desaparecidos e centenas feridos. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, visitou um dos locais atingidos, Bat Yam, no domingo 15, para analisar os danos e se reunir com equipes de resgate. “O Irã pagará um preço muito alto pelo assassinato premeditado de civis, mulheres e crianças”, disse ele.
Em uma publicação no X, antigo Twitter, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram que o Comando da Frente Interna instruiu os moradores de todo o país a permanecerem perto de espaços protegidos. “A movimentação em áreas abertas deve ser minimizada e aglomerações devem ser evitadas. Ao receber um alerta, entre no espaço protegido e permaneça lá até que um novo anúncio oficial seja emitido”, disseram os militares.
O Exército também disse ter destruído mais de 120 lançadores de mísseis iranianos, o que, segundo elas, representa um terço do total, ao longo de quatro dias de conflito no Oriente Médio. No domingo, uma operação usou cerca de 50 caças e aeronaves para atingir cerca de 100 alvos militares em Isfahan, no centro do Irã. “Mais de 20 mísseis foram atingidos simultaneamente”, relataram os militares.
Civis no fogo cruzado
O Ministério das Relações Exteriores do Irã, por sua vez, contestou a caracterização israelense do que descreveu como ataques “cirúrgicos” em Teerã, afirmando que muitas mulheres e crianças foram mortas em áreas residenciais. As investidas israelenses fizeram 224 vítimas fatais até o momento, 90% delas civis, de acordo com um porta-voz do Ministério da Saúde iraniano.
Nesta segunda-feira, o Irã afirmou ter executado um homem considerado culpado de espionagem para o órgão de inteligência israelense Mossad, informou a agência de notícias Fars. A execução, segundo a Reuters, é a terceira nas últimas semanas relacionada à realização de espionagem para Israel – que teve um papel importante no enorme ataque contra instalações nucleares iranianas na última sexta.
Naquele dia, os três principais líderes militares do Irã foram assassinados. Dois dias depois, a agência de notícias Tasnim informou que o chefe de inteligência da Guarda Revolucionária do Irã, Mohammad Kazemi, e seu vice também foram mortos numa nova rodada de ataques israelenses a Teerã.
Ataque surpresa de Israel
Israel iniciou um ataque surpresa na madrugada de sexta-feira, que além de eliminar o alto escalão do comando militar iraniano, danificou suas instalações nucleares, e alertou que a campanha se intensificaria nos próximos dias. O Irã prometeu “abrir as portas do inferno” contra Tel Aviv em resposta.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que até então apostava na diplomacia para levar Teerã a assinar um acordo nuclear com Washington, elogiou a ofensiva israelense, negando, porém, que os americanos participaram da operação.
Trump afirmou repetidamente que o Irã poderia encerrar o conflito se concordasse com restrições severas ao seu programa nuclear, que a República Islâmica continua afirmando não ter fins militares, embora países ocidentais e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmem que poderia ser usado para fabricar uma bomba atômica.