Após o presidente Lula ter feito apelos aos negociadores da COP30 para que se avance na agenda climática, o secretário-geral da ONU, António Guterres, se dirigiu ao grupo de países reunidos em Belém, pedindo esforços no mesmo sentido.
Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, o português que dirige o órgão multilateral tocou nos pontos mais sensíveis que têm travado os acordos nas mesas de negociação. Enquanto os países desenvolvidos, em especial a Alemanha e o Reino Unido, insistem em reduções mais drásticas de emissões de carbono, as nações em desenvolvimento tentam obter financiamento para adaptação aos eventos climáticos extremos que devem se tornar mais frequentes com o aquecimento global.
“Um acordo só será possível se levarmos em conta as preocupações daqueles que consideram que a adaptação necessita de um volume substancial de recursos e aqueles que consideram que pouco valerá investir em adaptação se as emissões continuarem a crescer. É preciso um equilíbrio entre adaptação e mitigação”, disse Guterres.
Outro ponto sensível é o volume de repasse para os países em desenvolvimento. Em Baku, no Azerbaijão, no ano passado, o grupo de nações ricas se comprometeu a repassar apenas 300 bilhões de dólares por ano, depois de o órgão climático da ONU calcular o valor necessário em 1,3 trilhão de dólares. O secretário-geral considera que é possível atingor esse valor apenas daqui dez anos.
“Precisamos de um caminho confiável para concretizar a meta de financiamento de Baku Os países desenvolvidos devem liderar a mobilização de pelo menos 300 bilhões de dólares por ano até 2035 e estabelecer uma rota clara para alcançar 1,3 trilhão de dólares por ano até 2035. Regras mais simples devem permitir que países vulneráveis obtenham apoio rapidamente”, conclamou.
A ausência dos Estados Unidos, o país mais rico do planeta e o segundo maior emissor, um dos fatores que estão impedindo que o naco desenvolvido do globo assuma posições mais engajadas para conter a escalada dos termômetros também foi tratado na entrevista. Perguntado sobre a mensagem que gostaria de passar para o presidente Donald Trump, Guterres foi sucinto: “Nós estamos esperando por você”.
Quanto à possibilidade dos EUA voltarem a integrar o Acordo de Paris, o chefe da ONU tratou de adaptar um ditado da língua portuguesa para o inglês. “A esperança é a última que morre”, disse