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Deputada alemã exige que chanceler peça perdão a Lula após fala polêmica sobre Belém

Porta-voz para políticas climáticas do Partido Verde alemão, a deputada Lisa Badum enviou uma carta ao chanceler do país, Friedrich Merz, para exigir que ele se desculpe com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à população de Belém pelas críticas que fez à cidade, sede da COP30.

“Em vez de reconhecer a inspiradora alegria de viver das pessoas no Pará, o senhor desvalorizou publicamente nosso parceiro mais importante na América do Sul”, escreveu ela no texto divulgado nesta quinta-feira, 20. “O Brasil é uma das maiores democracias do mundo e um de nossos aliados mais próximos na luta pela liberdade, contra o autoritarismo e contra a desinformação. Como deputada alemã na COP30, envergonho-me de suas palavras e já tive que me desculpar várias vezes em conversas com pessoas do Pará pois esta não é a Alemanha que desejo representar”, acrescentou.

Merz, que ocupa cargo equivalente ao de primeiro-ministro, inaugurou um mal-estar diplomático entre os países após comparar as belezas das cidades da Alemanha com as de Belém, palco da 30° Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30). Em vídeo que viralizou nas redes sociais, o chanceler explica que perguntou aos repórteres que o acompanharam no evento quais deles gostariam de permanecer na cidade amazônica. A resposta foi unânime: “Ninguém levantou a mão”, afirmou ele.

“Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos”, acrescentou Merz no vídeo, disponibilizado no site oficial do Congresso Alemão do Comércio.

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Na quarta-feira 19, ele voltou a falar da polêmica, afirmando que Lula precisa aceitar que a Alemanha é um dos países mais lindos do mundo.

“Eu disse que a Alemanha é um dos países mais lindos do mundo, e isso provavelmente o presidente Lula também vai aceitar”, afirmou Merz depois de um encontro com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, em Berlim.

A fala gerou reações de políticos brasileiros, de ambientalistas e da membros da oposição no país europeu. O presidente Lula respondeu às críticas do chanceler afirmando ele deveria ter “ido num boteco no Pará”.

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“O primeiro-ministro da Alemanha esses dias se queixou, ‘ai eu fui no Pará, mas eu voltei logo porque eu gosto mesmo é de Berlim’. Ele na verdade devia ter ido num boteco no Pará, ele na verdade deveria ter dançado no Pará, ele na verdade deveria ter provado a culinária do Pará, porque ele ia perceber que Berlim não oferece pra ele 10% da qualidade que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém”, disse Lula.

Em tentativa de retratação, o ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Carsten Schneider, fez elogios ao Brasil por meio de um post nas redes sociais, afirmando que o país é “maravilhoso” e lamentando não poder ficar mais tempo em Belém após a COP. Junto à declaração, o político do Partido Social-Democrata (SPD) compartilhou uma foto em que aparece levantando peixes recém-pescados ao lado de um homem, que acredita-se ser um morador local. 

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Na segunda-feira, a revista alemã Stern repercutiu ambos os episódios, afirmando que Schneider precisou agir para “acalmar os ânimos no Brasil após as críticas de Merz”. O veículo também abordou a situação da cidade e disse que “uma quantia significativa de dinheiro” foi investida em Belém visando prepará-la para o evento, mas ponderou: “Mesmo assim, casas dilapidadas, ruas esburacadas e rios poluídos ainda predominam na paisagem urbana em muitas áreas”, disse.

Merz esteve em Belém no dia 7, fez uma reunião bilateral com Lula e prometeu que a Alemanha faria um aporte ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa do Brasil para remunerar a preservação de florestas tropicais, como a Amazônia.

Na carta ao chanceler, a deputada Lisa Badum também o acusou de para a COP “sem compromissos financeiros concretos” e de ser “responsável por um plano climático da União Europeia sem uma meta clara para 2035”. “Se já vem de mãos vazias, deveria ao menos não esquecer suas boas maneiras em casa.”

Ela cobrou que o premiê concretizasse a contribuição da Alemanha ao fundo antes do fim da COP30, coisa que aconteceu na quarta-feira: seu governo anunciou 1 bilhão de euros para o TFFF.

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