O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que se reunirá com o recém-eleito prefeito de Nova York, Zohran Mamdani, nesta sexta-feira, 21, na Casa Branca. A reunião, solicitada pelo democrata, ocorre após trocas de farpas na corrida eleitoral da maior cidade dos EUA — de um lado, Trump ameaçou deportar o candidato, nascido na Uganda e naturalizado americano em 2018, e cortar o financiamento federal de NY caso ele fosse eleito; do outro, Mamdani prometeu lutar contra o republicano “em todas as etapas”.
“O prefeito comunista da cidade de Nova York, Zohran “Kwame” Mamdani, pediu uma reunião. Concordamos que esse encontro acontecerá no Salão Oval na sexta-feira, 21 de novembro. Mais detalhes em breve”, escreveu Trump na Truth Social, rede social da qual é dono, colocando o nome do meio entre aspas.
A porta-voz de Mamdani, Dora Pekec, afirmou que era “costume” um prefeito eleito de Nova York se encontrar com o presidente. Ela também adiantou que o democrata planeja dialogar com o republicano sobre “segurança pública, segurança econômica e a agenda de acessibilidade que mais de um milhão de nova-iorquinos aprovaram há apenas duas semanas”.
Ainda na disputa, Trump exortou eleitores republicanos a apoiarem Andrew Cuomo, ex-governador de NY que concorria como candidato independente, ao invés do candidato de seu partido, Curtis Sliwa, que estava em terceiro lugar nas últimas pesquisas. Em entrevista à emissora americana CBS News, durante a qual se referiu ao democrata como “comunista” — um rótulo que ele rejeita —, o presidente afirmou que os repasses seriam “desperdiçados” pela gestão de Mamdani, autoproclamado socialista.
Mas no último domingo, 16, o líder americano recuou nas ameaças e disse que estava aberto a uma reunião, acrescentando: “Queremos que tudo corra bem para Nova York”. Apesar dos ataques frequentes, Trump definiu Mamdani como um político talentoso, astuto e bom de oratória, em conversas de portas fechadas, afirmaram duas pessoas familiarizadas com o assunto sob condição de anonimato ao jornal americano The New York Times.
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Quem é Zohran Mamdani
Mamdani, de 34 anos, era relativamente desconhecido até anunciar sua candidatura à prefeitura de uma das metrópoles mais importantes do mundo. Ele foi eleito para a Assembleia do Estado de Nova York há apenas quatro anos, representando um distrito no Queens. Combinando jovialidade com uma notável habilidade de gestão nas redes sociais, principalmente o TikTok, ele conquistou rapidamente o público nova-iorquino, surpreendendo pelo sucesso mesmo com pouca experiência de governo e dando novo fôlego a um combalido Partido Democrata.
Com um discurso afiado, socialista conquistou seu eleitorado apresentando soluções para problemas tradicionais de Nova York, consideradas radicais por muitos, com destaque para a questão da moradia. Mamdani apresentou um plano habitacional que visa congelar o aluguel dos imóveis da cidade por quatro anos, na tentativa de mitigar o alto custo de vida na metrópole, uma das queixas mais recorrentes de moradores. Ele também chamou atenção por falar abertamente, quanto muçulmano, sobre islamofobia ao longo da campanha.
O novo prefeito também prometeu criar uma rede de supermercados municipais com preços mais baixos em cada um dos cinco distritos de Nova York, gratuidade nos ônibus municipais, creches universais acessíveis e salário mínimo mais alto (um salto de US$ 16,50 para US$ 30 por hora até 2030). Críticos taxam as ideias de Mamdani como utópicas, apontando que elas ignoram complexidades logísticas e poderiam gerar crises e endividamento extremo do governo.
Para financiar seus planos, Mamdani olha para o andar de cima: ele quer aumentar o imposto de renda para os cidadãos mais ricos e elevar para 11,5% a alíquota para corporações, além de adicionar uma taxa fixa de 2% para os nova-iorquinos que ganham mais de US$ 1 milhão por ano. Segundo sua campanha, isso garantiria uma arrecadação US$ 9 bilhões em novas receitas anualmente.
