Autoridades dos Estados Unidos e da Rússia elaboraram, por baixo dos panos, um roteiro de 28 pontos para encerrar a guerra na Ucrânia, com exigências que significariam capitulação por parte de Kiev. O país seria obrigado a ceder território, além de restringir significativamente o tamanho de suas Forças Armadas, segundo informações divulgadas pelo jornal Financial Times, pelo portal Axios e pela agência de notícias Reuters na quarta-feira 19.
O plano preliminar, que teria sido desenvolvido pelo enviado de Donald Trump, Steve Witkoff, e pelo conselheiro do Kremlin, Kirill Dmitriev, daria à Rússia um controle sem precedentes sobre a soberania militar e política da Ucrânia. Os dois homens formaram um importante canal de comunicação informal entre Moscou e Washington, e não está claro se o governo Trump apoia o plano formalmente.
A proposta exigiria que a Ucrânia fizesse concessões dos territórios que controla no leste do país e reduzisse pela metade o tamanho do seu Exército, coisas que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considera inaceitáveis. Outras condições incluem a limitação da assistência militar dos Estados Unidos e das categorias de armamentos utilizados pelas forças ucranianas.
Com 28 pontos, o plano parece ter sido inspirado por uma proposta semelhante elaborada pelo governo Trump para encerrar a guerra em Gaza. Washington tem sugerido repetidamente que um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia está próximo, mas as propostas fracassaram porque concederiam à Rússia a maioria de suas exigências, ao mesmo tempo que obrigariam Kiev a fazer concessões dolorosas.
Na noite de quarta-feira, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, pareceu responder às notícias sobre o plano, afirmando que uma paz duradoura exigiria que “ambos os lados concordassem com concessões difíceis, mas necessárias”.
“É por isso que estamos e continuaremos a desenvolver uma lista de ideias potenciais para pôr fim a esta guerra, com base nas contribuições de ambos os lados do conflito”, escreveu Rubio no X.
Os documentos vazados surgiram no mesmo dia em que a Rússia lançou um mega ataque no oeste da Ucrânia, matando mais de vinte pessoas e atingindo vários edifícios na cidade de Ternopil, bem como instalações de energia em Ivano-Frankivsk e Lviv. Os disparos fazem parte de uma campanha sistemática para destruir a infraestrutura de energia ucraniana antes do inverno.
Enquanto isso, há relatos de que Zelensky se reunirá com altos funcionários do Pentágono em Kiev. O assessor do presidente ucraniano, Dmytro Lytvyn, disse a jornalistas que ele terá conversas nesta quinta-feira, 20, com a delegação americana, liderada pelo secretário do Exército dos Estados Unidos, Daniel Driscoll, uma equipe que já se encontrou com a primeira-ministra do país, Julia Svyrydenko.