O papa Leão XIV reiterou suas críticas às políticas anti-imigração do presidente Donald Trump na noite de terça-feira, 19, afirmando que estrangeiros nos Estados Unidos estão sendo tratados de maneira “extremamente desrespeitosa”. Primeiro pontífice americano na história da Igreja Católica, ele pediu que ilegais sejam levados à Justiça “com dignidade” e apoiou uma declaração da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), que criticou as operações do ICE e as deportações em massa promovidas pelo governo republicano.
Falando com repórteres, Leão disse que o documento era “muito importante” e pediu que os católicos de todo o mundo o levassem em consideração.
“Precisamos buscar maneiras de tratar as pessoas com humanidade, com a dignidade que elas possuem”, afirmou o papa. “Se as pessoas estão nos Estados Unidos ilegalmente, existem maneiras de lidar com isso. Existem tribunais; existe um sistema de justiça.”
Enquanto reconheceu que “todo país tem o direito de determinar quem entra, como e quando”, criticou o desrespeito com que são tratadas pessoas que estão “vivendo vidas boas, muitas há 10, 15, 20 anos” no seu país natal. “Houve alguns casos de violência, infelizmente”, afirmou.
Críticas
Leão, eleito pelo conclave de cardeais em maio após a morte do papa Francisco, adotou nas últimas semanas um tom cada vez mais duro em suas críticas às políticas de imigração de Trump.
Em setembro, ele chamou de “desumano” o tratamento dado a estrangeiros nos Estados Unidos, e, em outubro, questionou se a agenda de Trump estavam de acordo com os ensinamentos da Igreja Católica.
“Alguém que diz ser contra o aborto, mas concorda com o tratamento desumano de imigrantes nos Estados Unidos, não sei se isso é ser pró-vida”, disse ele.
COP30
Na terça-feira, Leão também divulgou um vídeo contundente sobre a crise climática para os bispos participantes da COP30, em Belém. Criticando a incapacidade e falta de vontade política dos líderes mundiais para enfrentar o problema, ele disse: “A criação clama em enchentes, secas, tempestades e calor implacável. Uma em cada três pessoas vive em grande vulnerabilidade por causa dessas mudanças climáticas”.
Ele se referiu ao histórico Acordo de Paris, adotado pela comunidade internacional há dez anos para lidar com a crise climática, como a “ferramenta mais poderosa para proteger as pessoas e o planeta”. “Não é o acordo que está falhando; estamos falhando na nossa resposta”, declarou. “O que está falhando é a vontade política de alguns. Liderança de verdade significa serviço e apoio em uma escala que faça a diferença.”
