Um tribunal da Argentina ordenou o confisco de vinte propriedades pertencentes à ex-presidente Cristina Kirchner e sua família, uma medida resultante de sua condenação por fraude em um esquema de licitações de obras públicas, informou a imprensa local na terça-feira 18.
A líder peronista de 72 anos, que dominou a política argentina entre 2003 e 2015 como primeira-dama e depois como presidente, está em prisão domiciliar, impedida de ocupar cargos públicos, desde junho, quando a Suprema Corte confirmou uma sentença de seis anos devido a outro caso de fraude administrativa relacionado à concessão de contratos de obras públicas na província de Santa Cruz, no sul do país, antigo reduto político da ex-presidente. O caso ficou conhecido como “Vialidad”.
No início deste mês, começou um megajulgamento que pode implicar Kirchner em mais um esquema de corrupção. Ela é acusada de liderar uma associação ilícita que, durante esse período, ganhou propina de empresas acusadas de serem favorecidas em processos de licitação pública. Um total de 87 pessoas foram indiciadas, incluindo, além dela, quase duas dezenas de ex-funcionários do governo e 65 empresários.
O esquema ficou conhecido na Argentina como o caso “Cuadernos”, por estar centrado na descoberta de oito cadernetas com anotações feitas por Oscar Centeno, ex-motorista de um funcionário do Ministério do Planejamento, que continham anotações sobre supostos pagamentos de propinas de empresários a funcionários do governo. Centeno disse à Justiça que a ex-presidente era parte do esquema.
As acusações contra Cristina Kirchner incluem liderar uma associação ilícita e praticar suborno. Os crimes preveem penas de um a dez anos de prisão.
Kirchner, que nega todas as acusações, afirma que os processos contra ela fazem parte de uma perseguição política e judicial orquestrada pela direita, particularmente por seu sucessor, Mauricio Macri (2015-2019).