counter O nome é Catherine, princesa de Gales: qual parte BBC não entende? – Forsething

O nome é Catherine, princesa de Gales: qual parte BBC não entende?

Nós, aqui à distância, podemos dizer Kate ou Kate Middleton, seu sobrenome de solteira. Mas a BBC, em péssima fase, precisou pedir desculpas pelo uso reiterado do tratamento, interpretado por espectadores como uma forma de menosprezar a mulher que será futuramente a rainha consorte. Oficialmente, ela é Catherine, princesa de Gales, e assim quer ser tratada. No Reino Unido o tratamento formal é uma coisa muito séria.

Se um homem biológico pode exigir ser chamado pelo nome feminino que escolhe quando se anuncia mulher trans, por que será que uma emissora pública, obrigada a seguir regras mais estritas do que os tabloides (sem contar que é muito mais fácil usar “Kate” em manchetes), a tratou reiteradamente pelo nome de solteira?

Isso aconteceu exatamente quando a princesa – Kate, para nós – pela primeira vez foi a representante da família real numa cerimônia em memória dos mortos na I Guerra Mundial. Nunca antes uma pessoa que pertence à família pelo laço conjugal havia feito isso. Nem é preciso dizer que Kate, como sempre, foi impecável ao colocar a coroa de flores, vestida totalmente de negro como estabelece o protocolo.

A apresentadora Rajiini Vaidyathan usou o “Kate Middleton” várias vezes em questão de minutos. Alguns espectadores interpretaram como desrespeito, outros viram um viés antimonarquista, típico do pensamento woke que impera na emissora.

“Foram erros cometidos durante horas de cobertura ao vivo pelos quais pedimos desculpas”, diz o pedido oficial tipicamente falso.

MARIDO ROUBADO

Qual jornalista “erra” quando está se referindo a uma das pessoas mais conhecidas do país? Obviamente, não foi um deslize.

Continua após a publicidade

Ao se casar com o príncipe herdeiro William, em abril de 2011, Kate se tornou a duquesa de Cambridge, um título concedido pela rainha Elizabeth ao neto e sua esposa. Sem o título, Kate teria que dar precedência a todos os outros membros da família real – protocolo tem dessas coisas, ainda mais quando envolve integrantes da aristocracia e da realeza, cuja razão de existir é justamente a linha cosanguínea ou o vínculo matrimonial com ela.

Mesmo em países que não têm o sistema monárquico, reis e rainhas sempre têm precedência em qualquer cerimônia internacional. Tecnicamente, Kate não é princesa Kate, mas princesa de Gales, pois o título deriva do marido, não do nascimento numa família real. Mas é um sinal de popularidade que, fora dos círculos esnobes, é já é tratada como princesa Kate.

A transição aconteceu com a morte da rainha, em setembro de 2022, quando automaticamente William ganhou o título de príncipe de Gales, que era do pai, transformado em rei Charles III. Kate tornou-se assim a primeira princesa de Gales a ser tratada dessa forma desde a morte de Diana, a sogra que nunca conheceu.

Tecnicamente, Camilla, agora rainha consorte, poderia ter sido tratada assim quando se casou com Charles, mas optou pelo segundo título mais importante do marido e se tornou conhecida como duquesa da Cornualha. “Optou” é forma de dizer: os especialistas em imagem que trabalhavam para Charles temiam uma grande rejeição da opinião pública ao uso do título tão associado a Diana, a mulher de quem ela havia roubado o marido, segundo a interpretação popular.

Continua após a publicidade

HAVERIA RAINHA DIANA?

Na realidade, como sempre, as coisas foram mais complicadas. Charles praticamente se declarou induzido a casar com a linda e jovem aristocrata, filha de conde, cuja popularidade começou a fazer sombra a ele, para seu patente desconforto. Foi um casamento sem grandes preparativos e Diana sofreu com a pressão. Não aceitou de maneira alguma que o marido tivesse voltado a procurar o porto seguro, sem concorrência, da amante.

A BBC, por incrível que pareça, teve uma participação na estrepitosa ruptura. O jornalista Martin Bashir, apresentador na época do programa Panorama – já vamos voltar a ele – usou de truques mais do que antiéticos, imorais, inclusive documentos falsificados, para convencer o irmão de Diana, Charles Spencer, herdeiro do título de conde, a incentivá-la a dar uma entrevista fatídica na qual falou sobre o caso do marido com Camilla e sobre seus próprios envolvimentos extraconjugais.

Sem a entrevista, Charles e Diana teriam encontrado uma forma de manter um casamento de aparências? Teriam recebido a ordem da rainha para que se divorciassem? Diana não teria ido a Paris com um namorado de ocasião para morrer aos 36 anos num acidente de automóvel no fatídico 31 de agosto de 1997? Haveria hoje uma rainha Diana, como ainda hoje suspiram os nostálgicos?

A BBC só pediu desculpas aos filhos de Diana, William e Harry, depois de uma investigação interna mostrando os métodos repulsivos usados por Martin Bashir. Prometeu nunca mais exibir a entrevista de Diana. O diretor-geral do conglomerado era Tim Davie, agora forçado a renunciar porque outro inquérito interno mostrou como o programa Panorama manipulou um discurso de Donald Trump, juntando dois trechos separados, na real, por 54 minutos, para dar a impressão de que ele convocava a massa a invadir o Congresso americano em 6 de janeiro de 2021.

Continua após a publicidade

GESTOS DE AEROMOÇA

Verifica-se assim o mesmo processo: primeiro a distorção ou até a mentira pura e simples, sempre em desfavor do lado mais à direita. Se forem pegos ou não der para disfarçar, fazem a correção ou, em caso extremos, um pedido de desculpas de má vontade. Só na cobertura da guerra de Gaza feita pelo serviço em árabe da BBC foram 215 retratações por fatos sempre distorcidos contra Israel.

É claro que Kate, nascida Catherine Elizabeth Middleton, filha de uma aeromoça e um despachante de voos que se tornaram milionários por esforço próprio, não tem nada de comportamentos ou manifestações de simpatia pela direita. Sua principal atividade filantrópica é o Centro para a Primeira Infância. Nada controvertido, portanto. Mas o fato de ter se casado com um príncipe a torna uma “inimiga natural” de todos os esquerdismos típicos da emissora, que sempre fez uma excelente cobertura da família real, mas agora deriva para a animosidade.

Curiosamente, Kate, ou Catherine, foi menosprezada por jovens da aristocracia quando o namoro com William começou a se tornar sério. Alguns deles, numa atitude repugnante, chegavam a fazer gestos típicos de aeromoças, indicando saídas de emergência, em referência jocosa à mãe dela, quando a linda plebeia se aproximava. William desenvolveu um comportamento que conhecedores da família real consideram altamente protetor em relação à mulher, inclusive para evitar os erros que levaram à morte da mãe. Essa atitude se acentuou depois que Kate teve um câncer não especificado, anunciado no começo do ano passado.

Pessoas em posições de enorme destaque como Kate, vivendo no aquário da opinião pública, nunca serão realmente julgadas pelo que são, mas pelo que parecem ser. Já os que a desprezam puramente por preconceito, sejam jovens aristocratas esnobes, seja uma apresentadora da BBC, devem ser julgados exatamente pelo que são.

Para encerrar: nunca houve uma Lady Di, uma forma resumida de Diana inventada pelos tabloides para causar em torno da futura princesa quando ela começou o namoro arranjado por Charles. Ela era, formalmente, Lady Diana Spencer, mas o sobrenome aristocrático logo sumiu do mapa e ela se tornou princesa Diana para sempre.

Publicidade

About admin