Taiwan iniciou, nesta terça-feira, 18, a distribuição de um manual que visa preparar a população para uma possível invasão da China, em meio a uma escalada nas tensões regionais, promovidas pela pressão de Pequim contra Taipei. Com o título “Quando a Crise Acontece: Guia Nacional de Segurança Pública”, o documento delimita estratégias a serem adotadas por civis em caso de conflito.
De acordo com o diretor da Agência de Mobilização Geral de Defesa do Ministério de Defesa Nacional, Shen Wei-chih, o objetivo do guia é “aprimorar a compreensão geral da sociedade sobre ameaças e fortalecer a consciência de defesa, demonstrando a ênfase do governo na segurança das pessoas e sua determinação em exercer a autodefesa”.
Composto por 29 páginas distribuídas em três capítulos, o guia ensina como a população deve reagir durante cenários como desastres naturais, campanhas de desinformação e conflitos armados. Entre as orientações, se destacam a instrução de não compartilhar imagens nas redes sociais, para evitar fornecer informações estratégicas aos inimigos.
Outro ponto relevante a ser destacado é o cuidado em relação à desinformação, com o manual enfatizando a importância dos cidadãos desconfiarem de qualquer notícia relacionada a uma suposta derrota ou rendição do governo, apontando que esse tipo de informação deve sempre ser considerada falsa durante um conflito. É esperado que mais de 9 milhões de domicílios recebam um exemplar do guia até 5 de janeiro.
A distribuição do material será liderada pelo Ministério dos Transportes e Comunicações e pela empresa estatal de correios Chunghwa, sendo organizada em quatro fases. Na quarta-feira, 19, o manual será distribuído em áreas remotas, como os arquipélagos de Penghu, Kinmen e Matsu, e deverá seguir até que todo o território nacional seja abastecido pelos guias.
Mais 105 mil cópias adicionais em língua inglesa deverão ser enviadas para embaixadas e representações diplomáticas de países sem relações formais com Taiwan, como uma forma de internacionalizar sua posição. De acordo com o conselheiro adjunto do Ministério das Relações Exteriores, Chao Shih-hsuan, o processo também iniciará na quarta.
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O guia é parte de uma política promovida por Taipei para preparar sua população em meio a uma crescente tensão com a China, que enxerga Taiwan como “parte inalienável” do território chinês, não descartando o uso da força para tomar o controle do pequeno país insular. A postura oficial do governo taiwanês é de que o país é soberano, e seu futuro só pode ser definido pelos seus 23 milhões de habitantes.
A divulgação do guia acontece na esteira das tensões recentes entre China e Japão, que esquentaram ao longo da última semana, após declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, insinuarem uma intervenção militar nipônica em caso de agressão chinesa. Tanto Pequim quanto Tóquio convocaram seus embaixadores para esclarecimentos, e o clima é de desconforto.
