O dia começou quente no sistema financeiro brasileiro: a Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, durante a Operação Compliance Zero. A investigação mira a emissão de títulos de crédito falsos e a venda desses ativos para outras instituições, em um esquema que pode envolver gestão fraudulenta, organização criminosa e aquela criatividade contábil que nenhum regulador aprecia. Vorcaro foi detido em Guarulhos ao tentar embarcar para fora do país — e o episódio, por si só, já seria suficiente para deixar a B3 com o humor de poucas amizades.
Só que o Brasil não vive seus dramas sozinho. Lá fora, o shutdown americano segue bagunçando previsões. A falta de dados por causa da paralisação do governo dos EUA alimenta um mercado operando no escuro: sem números de emprego, sem visibilidade e com o Federal Reserve mais difícil de decifrar do que nunca. Como lembrou o economista Bruno Perri, cada frase de dirigente do Fed vira um gatilho — e sem farol alto, o investidor alterna entre sustos e palpites.
Resultado: o caso Master cai num terreno já instável. O dólar reage ao sabor do medo lá fora, os juros alongam com qualquer sinal de risco e a bolsa oscila sem que o cenário doméstico tenha mudado tanto assim. Entre a operação policial por aqui e o apagão estatístico em Washington, o investidor brasileiro acordou para mais um daqueles dias em que o mercado lembra sua regra de ouro: quando dá problema lá fora e tremeção aqui dentro, quem perde mesmo é a paciência — e às vezes uma parte do patrimônio.