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Dinamarca supera o Reino Unido e assume liderança global em ambição climática

A Dinamarca assumiu nesta segunda-feira (17) o posto de país mais ambicioso do mundo na redução de emissões de gases de efeito estufa, ultrapassando o Reino Unido e ampliando a pressão sobre outras economias desenvolvidas em plena COP30.

O ministro do Clima dinamarquês, Lars Aagaard, anunciou que o governo vai apresentar uma meta vinculante para cortar 82% das emissões até 2035, em comparação com os níveis de 1990, um ponto percentual acima da meta britânica estabelecida no início do ano.

O objetivo poderá chegar, inclusive, a 85%, segundo comunicado oficial.

Para viabilizar o plano, Copenhague pretende destinar 4 bilhões de coroas (cerca de US$ 620 milhões) por ano até 2035.

“Precisamos enviar um sinal ousado e claro no momento em que vivemos”, disse Aagaard, em entrevista coletiva na COP30, em Belém.

“Muita coisa no mundo caminha na direção errada. A Dinamarca continuará mostrando que ação climática ambiciosa pode andar junto com economia competitiva e forte coesão social.”

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Meta supera Reino Unido e amplia distância em relação à União Europeia

A nova meta dinamarquesa coloca o país isoladamente no topo das ambições climáticas entre grandes economias.

A União Europeia apresentou às Nações Unidas um compromisso para reduzir emissões entre 66,3% e 72,5% até 2035, bem abaixo do patamar anunciado por Copenhague.

A mudança reforça o papel da Dinamarca como líder histórica da transição energética na Europa, impulsionada pela expansão de energias renováveis, especialmente a eólica offshore, e pela incorporação de tecnologias limpas ao seu parque industrial.

Enquanto isso, países como Índia e Arábia Saudita ainda não apresentaram metas atualizadas para o período, o que amplia a pressão sobre emergentes e petromonarquias durante as negociações em Belém.

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A meta dinamarquesa não surge isolada: ela se insere em um dos debates mais delicados da COP30, como acelerar a transição global para longe dos combustíveis fósseis em um cenário de pressões geopolíticas, custos altos de financiamento e aumento das emissões globais.

No centro da disputa está a proposta de criar um roteiro internacional para a transição energética, capaz de orientar governos, bancos multilaterais e grandes indústrias sobre metas, tecnologias e marcos de implementação.

A ideia, impulsionada por vários países europeus e latino-americanos, tenta responder ao diagnóstico do último “Global Stocktake”: o mundo está fora da trajetória necessária para limitar o aquecimento a 1,5°C.

O problema é que acelerar significa mexer nos pilares da economia global. E isso tem criado bloqueios claros nas negociações.

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Resistência de produtores de petróleo trava negociações

Grandes exportadores de petróleo, como Arábia Saudita, Rússia e parte do bloco Opep+, têm se posicionado abertamente contra qualquer linguagem que trate de eliminar ou reduzir progressivamente combustíveis fósseis.

Para esses países, aceitar um roteiro significaria dar espaço para compromissos que afetariam a receita estatal e a competitividade de suas matrizes energéticas.

A posição desses atores contrasta com a pressão crescente de Europa, pequenos Estados insulares e países africanos altamente impactados por eventos climáticos extremos, que afirmam que a falta de clareza sobre a transição beneficia apenas os que se apoiam na inércia.

Mesmo entre países favoráveis ao roteiro, como Brasil, Chile e vários europeus, há consenso sobre um ponto: a aceleração só ocorrerá com mais dinheiro na mesa.

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