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Príncipe da Arábia Saudita, MBS vai de pária a convidado de honra com visita aos EUA

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, viaja aos Estados Unidos nesta segunda-feira, 17, onde fará sua primeira visita à Casa Branca desde o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018. Mais conhecido pelas iniciais MBS, o próximo monarca de Riad terá uma reunião com o presidente Donald Trump para “examinar as relações bilaterais e os meios de reforçá-las em diversos campos”, informou a agência de notícias saudita SPA, o que deve incluir temas como defesa, IA e energia nuclear.

A reunião entre os líderes acontecerá na terça-feira, 18, em um cenário muito diferente de sua última visita, há sete anos. Naquela época, MBS era um jovem líder que buscava apresentar a figuras importantes da sociedade americana seus planos para modernizar a Arábia Saudita — o que foi rapidamente esquecido meses depois, quando Khashoggi, um colunista do Washington Post e notório crítico do regime saudita, foi assassinado a mando do príncipe, transformando o rebento real em persona non grata a nível global.

No entanto, a visão negativa sobre bin Salman teve pouco efeito no longo prazo. Embora o ex-presidente americano Joe Biden tenha afirmado que a Arábia Saudita deveria ser tida como pária global, os recursos e posição estratégica da nação fizeram com que Washington e Riad avançassem, e aprofundassem, a parceria. O ânimo da relação foi renovado com a eleição de Trump, que fez um acordo para receber US$ 600 bilhões em investimentos saudita sob um pacto de defesa.

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Aos 40 anos, o príncipe herdeiro desembarcará em Washington se apresentando como um líder “moderno” — entre muitas aspas, considerando a mão de ferro com a qual controla a Arábia Saudita —, aspirando a ocupar um papel de protagonismo como mediador da paz no Oriente Médio, onde fez pressão pelo cessar-fogo em Gaza, recebeu o novo regime da Síria de braços abertos e fez esforços para reparar as relações de Riad com o Irã.

A relação entre Estados Unidos e Arábia Saudita é antiga, com uma base de cooperação econômica desde o início da exploração de petróleo saudita, em 1933. Embora muitas crises tenham ocorrido de lá para cá, como a presença de 15 sauditas entre os terroristas da Al-Qaeda que orquestraram os ataques de 11 de setembro de 2001, os interesses financeiros em comum das nações sustentaram os laços.

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“Os Estados Unidos precisam da energia e do capital do golfo”, resumiu o pesquisador do Middle East Institute, Paul Salem, em entrevista à agência de notícias Reuters.

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Ditador reformista

Em menos de uma década, Mohammed bin Salman se tornou um dos nomes mais marcantes da história da Arábia Saudita. Filho do rei Salman, que governa o país desde 2015, o príncipe herdeiro não teve nenhum pudor em utilizar o poder e a influência que obteve ao ser apontado como herdeiro do trono para promover uma série de mudanças sociais que transformaram a forma como o reino árabe é visto ao redor do globo.

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MBS buscou sinalizar ao Ocidente que está aberto à modernização, removendo, por exemplo, os austeros códigos de conduta religiosos que restringiam as ações das mulheres na sociedade islâmica. Agora, elas podem trabalhar e conviver livremente com homens nas ruas do país. Além disso, seu governo buscou ampliar o impacto cultural saudita, que passou a sediar desfiles de moda, patrocinar compras bilionárias de jogadores de futebol — como a de Cristiano Ronaldo e de Neymar —, e se prepara para sediar eventos internacionais como a Copa do Mundo de 2034.

Nada disso ocorreu, claro, sem o crivo de ferro do príncipe herdeiro, que faz questão de esmagar qualquer político dissidente e silenciar críticos. Para chegar ao poder, MBS depôs o próprio primo, Mohammed bin Nayef, derrubando uma rígida hierarquia dominada pelos mais antigos. Hoje, sua imagem domina a vida pública em um nível orwelliano: o rosto estampa por shoppings, outdoors e todas as fontes de mídia local.

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