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COP30: Aliança global pelo fim do carvão ganha peso com adesão da Coreia do Sul

A decisão da Coreia do Sul de ingressar na Powering Past Coal Alliance (PPCA), grupo internacional que defende a eliminação gradual do carvão, acrescentou novo peso às discussões da COP30, que entra em sua fase final em Belém marcada por disputas intensas sobre o futuro dos combustíveis fósseis.

O anúncio, feito durante a conferência, fortalece a tentativa de diversos países de transformar o encontro no Brasil em um ponto de inflexão no combate ao aquecimento global, mesmo diante da forte resistência de grandes produtores de petróleo e gás.

Um gesto estratégico em meio ao impasse global

Ao declarar que pretende apoiar uma transição global longe do carvão, Seul busca se posicionar como ator relevante em um momento em que a COP30 tenta construir consenso sobre um “roteiro” para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, proposta defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas ainda longe de ser unânime.

A Coreia do Sul, que figura entre os maiores importadores de carvão térmico do mundo, vinha sendo cobrada por uma posição mais clara sobre o tema. A adesão à PPCA funciona como sinal político de que o país reconhece a necessidade de acelerar a transição, tanto por motivos econômicos quanto geopolíticos.

Metas mais ambiciosas e o desafio doméstico

Na semana anterior à conferência, o governo de Lee Jae Myung atualizou sua meta climática: promete reduzir entre 53% e 61% de suas emissões até 2035, em relação a 2018.

A adesão à PPCA consolida o compromisso de não construir novas usinas a carvão sem abatimento de emissões e de encerrar as já existentes.

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Segundo a aliança, 40 das 62 usinas sul-coreanas têm previsão de fechamento até 2040.

As demais passarão por consulta pública, um processo que deve enfrentar resistência de setores industriais e regiões altamente dependentes da cadeia do carvão.

Mesmo com esses compromissos, o país chega à COP30 com uma matriz elétrica ainda dominada por combustíveis fósseis: 58% da energia gerada em 2024 veio de fontes fósseis.

Sinal para Lula e para o debate do “phase-out”

A decisão de Seul também tem um efeito simbólico para o Brasil. Lula tenta deixar como legado da conferência um acordo politicamente robusto para tirar do papel a promessa feita em Dubai, na COP28, de iniciar a transição global para longe dos combustíveis fósseis até 2050.

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Embora o tema não esteja na mesa de negociações formais, onde qualquer país pode vetar avanços, os anúncios paralelos reforçam a ideia de que o alinhamento internacional está se ampliando.

Ainda assim, o cenário permanece tenso. Países como Arábia Saudita e Rússia continuam a bloquear qualquer menção explícita ao “phase-out” de petróleo, gás e carvão.

Delegados envolvidos nas negociações afirmam que a adesão da Coreia do Sul à PPCA, embora significativa, não altera o fato de que bastaria um único veto para inviabilizar o consenso.

COP30 busca entregar um sinal político, mesmo sem consenso obrigatório

Na COP30, documentos considerados não vinculantes, como agendas paralelas de ação, podem ganhar relevância como forma de contornar o bloqueio de países que dependem fortemente dos combustíveis fósseis.

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Para analistas, a entrada da Coreia do Sul no grupo anticarvão reforça esse tipo de diplomacia incremental.

O movimento também pressiona outros grandes consumidores de carvão da Ásia, como Japão e China, a justificarem uma postura mais cautelosa frente ao apelo global por uma transição mais rápida.

O que está em jogo

Para parte dos negociadores, a adesão sul-coreana demonstra que a transição energética, antes vista como sensível para economias asiáticas, começa a ganhar tração em um momento decisivo das negociações.

Mas para outros, o anúncio sublinha a contradição do cenário global: enquanto algumas economias avançam no abandono do carvão, países-chave na COP30 seguem bloqueando o debate sobre um acordo mais amplo para limitar a produção de todos os combustíveis fósseis.

No último dia da conferência, a pressão deve aumentar tanto sobre os países que defendem metas mais ambiciosas quanto sobre aqueles que insistem em manter o ritmo atual. A decisão sul-coreana, porém, já coloca mais um peso político na balança.

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