O cientista político Rafael Cortez analisou no programa Ponto de Vista desta segunda, 17, apresentado por Veruska Donato, o tabuleiro eleitoral que envolve Michelle Bolsonaro. Segundo ele, o nome da ex-primeira-dama segue “no radar” da direita para 2026 e aparece como opção forte para o Senado pelo Distrito Federal, onde pesquisas internas mostram bom desempenho.
A escolha não seria aleatória. Cortez lembra que o bolsonarismo vê o Senado como o espaço mais estratégico para suas ambições futuras — tanto pela prerrogativa de sabatinar indicados ao Supremo Tribunal Federal quanto pela pressão permanente de parte da direita por um eventual pedido de impeachment contra ministros, especialmente Alexandre de Moraes.
“O Senado é muito importante”, resumiu o analista. E colocar Michelle ali reforçaria um núcleo de sustentação para projetos de longo prazo.
Michelle pode disputar a Presidência?
A possibilidade não está descartada, mas depende de uma variável central: como o ex-presidente Jair Bolsonaro — inelegível e sob risco de prisão — decidirá jogar 2026.
Segundo Cortez, o grupo ainda não resolveu a dúvida existencial que o divide: A direita precisa de um Bolsonaro na chapa presidencial para preservar o capital político do sobrenome? Ou será mais eficaz apoiar um candidato do centrão, com maior chance de vencer Lula?
Se a segunda hipótese prevalecer, Michelle tende a ser deslocada para o Senado, fortalecendo o bloco bolsonarista. Se a primeira vencer, sua presença na chapa presidencial volta a ganhar força.
O que falta para essa definição ocorrer?
Cortez avalia que o impasse permanece porque o próprio Bolsonaro ainda não anunciou sua estratégia — e isso paralisa todas as outras decisões. “A definição só vai ocorrer quando o ex-presidente decidir como vai jogar 2026”, afirma.
Nos bastidores, admite o analista, acordos podem estar avançando. Mas publicamente, a disputa segue aberta, acirrada e cheia de incertezas.
O fator que ninguém controla
O cientista político destaca que o impacto das decisões judiciais sobre Bolsonaro — e eventualmente sobre seu filho Eduardo — pode alterar todo o tabuleiro. Dependendo do cenário, o ex-presidente pode optar por uma solução pragmática para reduzir seus próprios riscos jurídicos: apoiar um nome competitivo do centro-direita sem sobrenome Bolsonaro.
Até lá, a situação de Michelle permanece suspensa entre dois caminhos — ambos estratégicos, mas cada um apontando para um projeto diferente de poder.