O Japão disse nesta segunda-feira, 17, ter acionado no último sábado sua Força Aérea após detectar um drone supostamente pertencente a China nos arredores da ilha de Yonaguni, no sul do país. A aeronave teria sobrevoado o território em meio a uma crescente tensão entre Tóquio e Pequim desde a ascensão da primeira-ministra japonesa Sanae Takaichi, que vem sendo uma forte crítica das ações chinesas no Pacífico.
“No sábado, foi confirmado que um suposto drone chinês havia sobrevoado a região entre a Ilha de Yonaguni e Taiwan, e caças da Força Aérea de Autodefesa do Sudoeste do Japão foram acionados para responder à ocorrência”, disse o Ministério da Defesa do Japão em uma publicação na rede social X.
令和7年11月15日(土)、推定中国無人機が与那国島と台湾との間を飛行したことを確認し、航空自衛隊の南西航空方面隊の戦闘機を緊急発進させ対応しました。 https://t.co/yjjE6ll72H pic.twitter.com/3uiYzrmjIi
— 防衛省・自衛隊 (@ModJapan_jp) November 17, 2025
Além da invasão de espaço aéreo, o secretário-chefe do gabinete japonês, Minoru Kihara, informou que navios da guarda costeira da China teriam passado várias horas nas águas territoriais japonesas ao redor do arquipélago das Ilhas Senkaku, historicamente disputadas com Pequim, que chama o território de Ilhas Diaoyu.
Os movimentos causam desconforto em Tóquio, onde a premiê Takaichi, de 64 anos, promove suas primeiras ações após sua nomeação em 21 de outubro. A nova primeira-ministra — a primeira mulher a ocupar o cargo na história do país — vem criticando as ações da China na região, com ênfase para a pressão militar contra Taiwan, que Pequim reivindica como parte de seu território.
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Durante uma fala ao Parlamento japonês no dia 7 de novembro, Takaichi chegou a afirmar que uma ação militar contra território taiwanês representaria uma “ameaça à sobrevivência” do Japão. A declaração chamou a atenção, uma vez que, de acordo com a legislação nipônica, uma ameaça existencial é um dos poucos casos nos quais as forças armadas japonesas podem agir militarmente.
A tensão provocada pela manifestação de Takaichi fez com que Pequim convocasse o embaixador do Japão na sexta-feira, 14, em protesto. Tóquio fez o mesmo movimento, após um diplomata chinês pedir que “cortassem o pescoço” da primeira-ministra em uma publicação online. Em meio à crescente tensão, a China aconselhou seus cidadãos a evitarem viajar para o Japão.
“Recentemente, os líderes japoneses fizeram declarações abertamente provocadoras sobre Taiwan, o que prejudicou gravemente o ambiente para os intercâmbios entre os povos”, disse a embaixada da China no Japão através do aplicativo de mensagens WeChat. Pequim também alertou os aproximadamente 100 mil estudantes chineses no país que havia supostos riscos à sua segurança.
A manifestação chinesa foi definida por Kihara como “incompatível com a direção mais ampla acordada pelos líderes das duas nações”. Segundo a Reuters, o principal diplomata japonês para a região, Masaaki Kanai, viajou até Pequim para se reunir com seu homólogo na China, Liu Jinsong, em uma tentativa de conter a escalada nas tensões.