O Tropical Forest Forever Facility (TFFF), novo mecanismo brasileiro para financiar a conservação de florestas tropicais, recebeu um endosso público relevante na COP30. Daniel Hanna, chefe global de finanças sustentáveis e de transição do Barclays, afirmou que a iniciativa deve ser considerada “um sucesso”, apesar de ter captado até agora apenas US$ 5,5 bilhões, bem menos do que a meta original de US$ 25 bilhões e da revisão posterior para US$ 10 bilhões.
Segundo ele, o mérito está no desenho técnico do fundo, que combina recursos públicos e privados para gerar retorno financeiro ao investidor e, ao mesmo tempo, remunerar países pela proteção florestal.
“Os US$ 5 bilhões são um ótimo começo. Ambições elevadas são necessárias para mobilizar capital. Esse é um resultado sólido, sobre o qual é possível construir”, disse.
Para ele, a decisão do Brasil de lançar o TFFF com objetivos claros e estruturas operacionais definidas diferencia o país de iniciativas internacionais que ficam restritas a declarações de intenção.
O fundo, principal vitrine do governo brasileiro na COP30, pretende pagar US$ 4 por hectare de floresta tropical preservada. Para isso, aplicará os aportes em ativos financeiros de alto retorno: parte do ganho remunera investidores; outra parcela compõe o caixa destinado à conservação.
Já participaram da rodada inicial Brasil, Noruega, França e Indonésia, numa composição que combina doadores tradicionais e países tropicais.
Embora a captação represente apenas cerca de 20% do objetivo inicial, especialistas apontam que o TFFF inaugura uma nova geração de instrumentos de “blended finance”, em que o risco público serve de alavanca para atrair capital privado.
O governo brasileiro espera que o fundo evolua para um volume potencial de US$ 125 bilhões, caso consiga atrair novos parceiros institucionais e fundos soberanos.
A iniciativa surge num momento de frustração global com o financiamento climático tradicional, marcado por promessas descumpridas e mecanismos lentos de desembolso.
O TFFF tenta corrigir essa lógica ao atrelar pagamentos a resultados mensuráveis, área de floresta preservada, e ao criar uma estrutura que oferece retorno financeiro competitivo, algo raro entre fundos ambientais.
Para a diplomacia brasileira, o fundo reforça o argumento de que a proteção da Amazônia precisa ser remunerada de forma contínua, previsível e em escala compatível com a urgência climática.