Elas são doceiras, cabeleireiras, cuidadoras de idosos, faxineiras, babás, vendedoras de loja, representantes da Natura e motoristas de Uber. São mães trabalhadoras, na maioria das vezes informais, e vão decidir quem vai vencer a eleição de 2026.
A mais recente pesquisa Genial/Quaest mostra que 31% dos brasileiros se dizem “independentes” e não se classificam nem como lulistas (18%), de esquerda (15%), nem bolsonaristas (13%) ou de direita (22%). Um recorte exclusivo para VEJA mostra que esses independentes são em sua maioria mulheres católicas, pardas, que ganham entre 2 e 5 salários mínimos por mês, moradoras da região Sudeste e que concluíram o ensino médio ou não terminaram a universidade.
É um grupo que vive para pagar suas contas, cuidam dos filhos e pouco interesse em política. Por isso mesmo, forma as suas opiniões com base em questões pragmáticas, os preços no supermercado, a violência nas ruas e o tempo gasto para chegar no trabalho.
É um perfil demográfico mais próximo ao eleitor lulista do que bolsonarista, mas cujo voto parece variar mais por questões conjunturais, seja a inflação, seja a sensação de insegurança.
As declarações de Lula nas últimas semanas foram rejeitadas pelos independentes. Oito de cada dez desaprovaram a fala do presidente de que “traficantes são vítimas dos usuários”; seis de cada dez aprovaram a ação policial nos morros do Alemão e Penha; dois de cada três acham que não houve exagero policial na ação e pouco mais da metade discordou da frase de Lula de que a operação foi “desastrosa”. O resultado das declarações de Lula se viu no saldo da avaliação dos independentes sobre o governo. Em um mês, a quantidade dos que desaprovam o governo subiu de 48% para 52% e os que aprovam oscilou de 46% para 43%.
Como seria de se esperar, ao serem perguntados quem gostariam de votar em 2026, esses independentes preferem uma opção à polarização:
• 38% preferem um candidato não ligado nem a Lula, nem a Bolsonaro (14 pontos percentuais a mais que a média nacional)
• 27% alguém fora da política (10 pp a mais que a média)
• 11% querem Lula (12 pp a menos que a média)
• 7% querem Bolsonaro (8 pp a menos que a média)
Existe entre os independentes a demanda por um candidato fora das bolhas lulistas e bolsonaristas, mas não a oferta. Com a exceção de candidatos sem chances, como Ciro Gomes e Eduardo Leite, todas as demais opções da oposição estão dentro dos vários ramos do bolsonarismo.
Quando apresentados aos candidatos, os independentes analisam assim:
Lula
Taxa de conhecimento 97%
Potencial de Voto 33%
Taxa de rejeição 64%
Tarcísio
Taxa de conhecimento 65%
Potencial de Voto 24%
Taxa de rejeição 41%
Michelle
Taxa de conhecimento 86%
Potencial de Voto 16%
Taxa de rejeição 70%
Ratinho Jr.
Taxa de conhecimento 55%
Potencial de Voto 20%
Taxa de rejeição 35%
Zema
Taxa de conhecimento 47%
Potencial de Voto 17%
Taxa de rejeição 30%
Caiado
Taxa de conhecimento 49%
Potencial de Voto 18%
Taxa de rejeição 31%
É notável o desconhecimento dos governadores Ratinho, Zema e Caiado, e a rejeição a Michelle Bolsonaro. Conhecido por quase todos, Lula tem ao mesmo um alto potencial de voto, mas uma rejeição gigante. Tarcísio ainda tem baixo conhecimento e uma rejeição inicial alta.
Em um cenário polarizado, com a maioria dos eleitores tendendo aos candidatos da direita e esquerda, compreender os anseios, medos e desejos dessas mães trabalhadoras é o mapa para a vitória.