A Alemanha cancelou um leilão de artefatos do Holocausto que estava marcado para esta segunda-feira, 17, e havia gerado muita polêmica na esteira de uma série de reclamações de sobreviventes do nazismo.
O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, comunicou no domingo 17 que o evento “ofensivo” foi suspenso, repassando informações de seu homólogo alemão. Em uma postagem no X (ex-Twitter), Sikorski disse que ele e o chanceler da Alemanha, Johann Wadephul, “concordaram que tal escândalo deve ser evitado”. O chefe da diplomacia polonesa agradeceu a Berlim pela decisão.
Thank you, minister @JoWadephul, for the information that the offensive auction of Holocaust artefacts has now been cancelled.
Respect for victims requires the dignity of silence, not the din of commerce.— Radosław Sikorski (@sikorskiradek) November 16, 2025
Anteriormente, um grupo de sobreviventes do Holocausto havia pedido que a casa de leilões alemã Felzmann cancelasse a venda de centenas de artefatos do Holocausto, incluindo cartas escritas por prisioneiros e outros documentos que identificam muitas pessoas pelo nome.
Uma lista de informações sobre o evento no site da Auktionhaus Felzmann, publicada na manhã de domingo, já não estava mais disponível no meio da tarde do mesmo dia. A casa não se pronunciou a respeito da medida.
“Empreitada cínica”
A coleção de mais de 600 itens que seriam leiloados em Neuss, no oeste de Berlim, além das cartas de judeus presos em campos nazistas, contém fichas da Gestapo e outros documentos de colaboradores do regime de Adolf Hitler, informou a agência de notícias alemã DPA. O leilão foi intitulado “O Sistema do Terror”.
“Para as vítimas da perseguição nazista e sobreviventes do Holocausto, este leilão é uma empreitada cínica e vergonhosa que os deixa indignados e sem palavras”, declarou Christoph Heubner, vice-presidente executivo do Comitê Internacional de Auschwitz, um grupo de sobreviventes com sede em Berlim, em um comunicado no último sábado.
“Sua história e o sofrimento de todos os perseguidos e assassinados pelos nazistas estão sendo explorados para fins comerciais”, acrescentou ele. Segundo o Comitê Internacional de Auschwitz, nomes de vítimas eram identificáveis em muitos dos documentos.
Heubner disse que tais documentos “pertencem às famílias das vítimas”.
“Eles deveriam ser exibidos em museus ou exposições memoriais, e não degradados a meras mercadorias”, ele sublinhou, instando que o leilão fosse cancelado.