O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), uma espécie de termômetro mensal do PIB, caiu 0,2% em setembro frente a agosto, em dado dessazonalizado. Entre julho e setembro, a economia encolheu 0,9% na comparação com o trimestre anterior. O contraste, porém, sugere um quadro ambíguo. Em relação a setembro de 2024, a atividade ainda cresce 2%, acumulando alta de 3% em doze meses.
Ou seja, a economia não está desmoronando; mas está desacelerando. O timing dessa freada acende alertas sobre a capacidade de expansão em 2026.
Ciclos econômicos raramente se movem sem um culpado evidente e, neste caso, ele está estampado no Copom. Com a Selic estacionada em 15% ao ano, o freio monetário começa a produzir seus efeitos típicos: crédito mais caro, demanda represada, adiamento de investimentos corporativos e arrefecimento do consumo.
Durante meses, a economia brasileira mostrou resiliência a esse aperto. O impulso do agronegócio, a recomposição da renda real graças à inflação mais comportada e programas de transferência de renda ajudaram a amortecer o impacto. Mas tais colchões têm prazo de validade, e setembro parece sinalizar que estão se esgotando.
Empresários já relatam maior cautela em decisões de expansão, enquanto indicadores de crédito, especialmente para pequenas e médias empresas, apontam maior seletividade dos bancos. Famílias, por sua vez, enfrentam um custo financeiro que desencoraja compras de maior valor, sobretudo em setores dependentes de financiamento, como automóveis e bens duráveis.