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Ex-premiê de Bangladesh é condenada à morte por crimes contra humanidade

A ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, foi condenada à morte nesta segunda-feira, 17, por crimes contra a humanidade devido à repressão violenta contra um levante estudantil no ano passado, com mais de 1000 mortos. Hasina, que governava o país desde 2009 e havia conquistado o quarto mandato consecutivo em janeiro de 2024 em eleição boicotada pela oposição, enfrentava uma onda de protestos, hoje conhecidos popularmente como “Revolução de Julho”, quando renunciou e fugiu para a Índia em agosto do ano passado.

Um painel de três juízes do tribunal penal internacional de Bangladesh condenou Hasina por uma série de crimes, incluindo incitação e omissão para impedir atrocidades. Ao ler o veredito, o juiz Golam Mortuza Mozumder afirmou que a “primeira-ministra acusada cometeu crimes contra a humanidade ao ordenar o uso de drones, helicópteros e armas letais” contra civis.

O caso citou gravações de áudio de ligações telefônicas da premiê ao seu gabinete com instruções violentas para os protestos. A sentença, contudo, pode ser contestada no Supremo Tribunal. Mas o filho e conselheiro de Hasina, Sajeeb Wazed, disse à agência de notícias Reuters na véspera que não a antiga líder bangladense não recorreria a menos que um governo democraticamente eleito fosse empossado e aceitasse a participação da Liga Awami, partido de Hasina que está proibido de exercer atividades políticas.

Às vésperas da decisão, Daca estava em estado de alerta máximo e teve a segurança reforçada. Nos dias que antecederam o veredicto, a capital registrou aumento acentuado da violência política, incluindo dezenas de bombas caseiras detonadas por toda a cidade. A polícia da local, então, emitiu uma ordem de “atirar para matar” para qualquer pessoa flagrada com explosivos ou incendiando veículos.

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Relembre o caso

Nos 15 anos de Hasina no poder, foram documentados casos de corrupção, tortura e desaparecimentos forçados por organizações de direitos humanos e pelas Nações Unidas. As manifestações explodiram em julho do ano passado, após o movimento estudantil denunciar as chamadas cotas de admissão para cargos públicos – consideradas “arbitrárias” pelo grupo. Os protestos se transformaram em um levante mais amplo contra o governo, pedindo a renúncia de Hasina, e passaram a ser duramente reprimidos.

Pressionada a deixar o cargo, a então primeira-ministra liderou uma repressão implacável através do Estado, com uso de munição real contra civis. Segundo o escritório de direitos humanos da ONU, cerca de 1.400 pessoas foram assassinadas durante a revolta, na pior onda de violência política em Bangladesh desde a guerra de independência de 1971.

Ela, por sua vez, alegou inocência e disse que a corte era uma “farsa com motivações políticas”. Em comunicado após divulgação da sentença, Hasina disse que não teve “oportunidade justa” para se defender no tribunal e que agiu de “boa-fé” enquanto tentava controlar o caos no país, acrescentando que o veredito foi “proferido por um tribunal fraudulento, estabelecido e presidido por um governo não eleito e sem mandato democrático”. A Índia, onde a ex-premiê ainda vive, ignora os pedidos de extradição.

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A fuga de Hasina — descrita pela acusação como “a mente por trás, a regente e a comandante suprema” da repressão — deixou um vácuo de poder. Ainda em agosto, o vencedor do Nobel da Paz, Muhammad Yunus, assumiu o governo como líder interino de Bangladesh. A posse foi iniciada com um minuto de silêncio pelos centenas de mortos nos protestos, que derrubaram o regime autocrático. As primeiras eleições desde a queda da premiê estão previstas para o início de fevereiro.

 

 

 

 

 

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