A Justiça de Roraima tornou réus por tráfico e associação para tráfico dois homens apontados como membros da facção venezuelana Tren de Aragua, que atua no Brasil — principalmente na fronteira norte brasileira. De acordo com investigação policial, Pedro José Odreman Brito e Moisés Rafael Martinez Peinado foram presos em flagrante com 755,33 gramas de cocaína em pó e 49,39 gramas de crack, por volta das 11h40 do dia 14 de junho deste ano, no bairro Cidade Satélite, em Boa Vista, em ocorrência que teve tiroteio com a polícia e dois suspeitos venezuelanos mortos.
Segundo o despacho da juíza Daniela Schirato, da Vara de Entorpecentes e Organizações Criminosas, há ainda investigação sobre tentativa de homicídio contra agentes públicos que teria sido praticada pelos réus. “Da análise dos autos, verifico que os fatos foram graves, uma vez que houve confronto com arma de fogo, tendo duas pessoas em óbito, foram apreendidas expressiva quantidade de entorpecentes em posse dos flagranteados. Ademais, constam informações de que os flagranteados fazem parte de organização criminosa de origem venezuelana ‘Tren de Aragua’ com a prática de outros delitos graves. Registre-se ainda que o flagranteados são estrangeiros, havendo grave risco de que este possam se evadir para o país vizinho”, diz trecho da decisão da magistrada.
O Tren de Aragua é uma organização criminosa originária da Venezuela criada em meados de 2014 em uma prisão. No Brasil, segundo investigações de autoridades públicas de Roraima, atuam em ao menos seis estados brasileiros: Roraima, Amazonas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para atuar na divisa entre Brasil e Venezuela, os criminosos do Tren de Aragua contam, segundo a Polícia Civil de Roraima, com parceria com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Há ainda informações de que o bando venceu armas potentes ao grupo criminoso paulista.
O Tren de Aragua ganhou holofotes internacionais desde o começo do segundo mandato presidencial de Donald Trump, nos Estados Unidos. Isso porque, embarcações com drogas originárias da Venezuela se tornaram alvo do governo americano, que passou a classificá-los como narcotraficantes. No final de outubro, a atual gestão da Casa Branca informou ter deportado integrantes do bando.