Soldados da Coreia do Norte ainda estão trabalhando na região russa de Kursk, na fronteira com a Ucrânia. O Ministério da Defesa da Rússia afirmou nesta sexta-feira, 14, que as tropas ajudaram a repelir a invasão do exercito ucraniano no local, e agora assumem um papel “fundamental” na limpeza da área, utilizando equipamentos para detectar diferentes tipos de minas.
“Após a significativa contribuição das unidades especiais do Exército Popular da Coreia do Norte para a derrota do inimigo, equipes de desminagem norte-coreanas chegaram agora ao território de Kursk”, disse o jornal oficial do Ministério da Defesa, o Krasnaya Zvezda. Segundo a publicação, há uma “densidade nunca vista antes” de minas antitanque e antipessoas na região, deixadas para trás pelas forças de Kiev.
No distrito de Bolshesoldatsky, próximo a cidade ucraniana de Sumy, 37 dos 64 assentamentos seguem proibidos para civis devido a alta quantidade de minas. O Krasnaya Zvezda acusa os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de fabricar e fornecer muitos dos dispositivos. A publicação também aponta que os sapadores — soldados especializados em remover minas — estavam sendo atacados por drones ucranianos enquanto realizavam seu trabalho.
A presença de forças militares da Coreia do Norte no processo de desminagem é somente um exemplo da relação cada vez mais próxima entre Moscou e Pyongyang em questões de segurança. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, elogiou os aliados, afirmando que a Rússia estava grata pela “assistência altruísta e heroica” e “nunca esquecerá essa ajuda”. O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, apontou, no mês passado, que que os laços militares entre os países “avançariam sem parar”.
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Comandantes de campo entrevistados pela agência de notícias Reuters aprovaram a presença dos soldados. “Eles são ótimos rapazes. Aprendem rapidamente, ouvem atentamente e fazem anotações”, disse um comandante sob o codinome Veles. Já outra autoridade militar em campo, codinome Lesnik, disse que os norte-coreanos “estão em pé de igualdade” com soldados russos.
Rússia e Coreia do Norte firmaram um pacto de defesa mútua em junho de 2024, que entrou em vigor em dezembro daquele ano. Desde então, Pyongyang já enviou cerca de 14 mil soldados para lutar ao lado dos russas contra o Exército ucraniano. Fontes ocidentais e da Coreia do Sul apontam que mais de 6 mil norte-coreanos foram mortos desde então. Além do envio de tropas, a nação asiática forneceu quantidades relevantes de armas e munições ao Kremlin.