A entrevista do senador Rogério Marinho (PL-RN) ao Ponto de Vista, apresentado por Marcela Rahal, começou com um ataque direto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O líder da oposição fez questão de reagir à fala do petista, que criticara o deputado Guilherme Derrite — relator do projeto antifacção — por “não entender de crime nem de investigação”.
“Vindo do Haddad, é uma piada pronta”, disparou Marinho. “Ele hoje é ministro da Fazenda e diz que não entende de economia.” O comentário abriu caminho para um tom de confronto que dominou toda a conversa.
A vitória que Marinho chama de “histórica”
O senador dedicou grande parte da entrevista a celebrar a aprovação do projeto que extingue os descontos associativos automáticos em benefícios previdenciários, prática comum há quase três décadas e que, segundo ele, servia como fonte de financiamento para sindicatos ligados à CUT e ao PT.
Marinho afirma que aposentados rurais foram espoliados por 30 anos, graças a uma estrutura que permitia a sindicatos emitir declarações de tempo de trabalho no campo — documento fundamental para concessão de benefícios. “Esse pessoal tomou literalmente dinheiro dos aposentados rurais por todo o Brasil”, disse.
Ele relembrou que o então governo Bolsonaro desmontou parte desse esquema ao transferir a certificação para o CNIS e reduzir o poder cartorário dessas entidades. A reclamação, porém, teria explodido novamente na gestão Lula.
Reclamações multiplicadas
Segundo Marinho, os números mostram uma escalada “geométrica”:
Aposentados com descontos associativos: de 2,7 milhões no fim de 2022 para 7,4 milhões em meados de 2025; Reclamações registradas: saíram da faixa de 40 a 50 mil por ano para 1,5 milhão ao fim de 2024.
“Não tem joio e trigo. Só tem joio”, afirmou o senador. “Sindicatos e associações picaretas se irmanaram e se especializaram em roubar aposentados.”
O PL aprovado, segundo ele, “fecha o ralo da corrupção” e representa “uma grande vitória para o Brasil”.
O impacto político
Ao amarrar o tema a uma crítica direta ao ministro Haddad, Marinho reforça a estratégia da oposição de manter o governo na defensiva em temas sensíveis — especialmente aqueles que envolvem base sindical e histórico petista.
Para o senador, o episódio resume a postura do governo: “Enquanto o ministro da Fazenda tenta desqualificar quem entende de segurança pública, o país assiste ao aumento de reclamações e à volta de velhas práticas que prejudicam quem mais precisa.”