Em uma ampla revisão de cenário divulgada nesta quinta-feira, 13, a equipe de análises econômicas do banco Itaú melhorou levemente a sua projeção para o crescimento do PIB no ano que vem, com ajuda de uma série de novos incentivos do governo, e também reduziu a sua inflação esperada tanto para este ano quanto para o ano que vem. Por outro lado, continua vendo as contas do governo no negativo e distantes de cumprir a meta de zerar o déficit neste ano e de entregar um resultado positivo em 0,25% no ano que vem.
A projeção de inflação do banco para este ano, que antes era de 4,6%, foi reduzida para 4,5% agora. É um corte simbólico, mas suficiente para fazer com que a variação dos preços volte para o limite do teto da meta, que é de 3% com tolerância de até 4,5%. É algo que, no início deste ano, quando o IPCA, indicador oficial de inflação, estava cima dos 5%, parecia impensável, mas os resultados mais brandos nos últimos meses têm feito crescer o número de analistas e economistas que já acreditam que a inflação volta, ao menos, para dentro do limite superior da banda ainda neste ano. Com resultado de 4,7% em outubro, o IPCA completou seu décimo terceiro mês seguido furando o teto da meta.
Para 2026, o Itaú também reduziu a expectativa para os preços, de 4,3% para 4,2%. “A recente queda nos componentes ligados a bens de consumo final, combinada a estoques acima da média histórica, tende a reduzir a pressão inflacionária em bens industriais no próximo ano, enquanto a expectativa de queda nos preços do petróleo pode resultar em novos ajustes para baixo nos preços de combustíveis”, escreveu o banco em relatório a clientes.
Para o PIB, os números de 2026 foram elevados de 1,5% para 1,7%, enquanto o crescimento em 2025 deve ser de 2,2%, projeção que não foi alterada. O incremento do próximo vem, basicamente, de uma série de impulsos à demanda que têm sido distribuídos pelo governo federal. Na lista o Itaú cita a ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida, o novo auxílio gás, a ampliação da gratuidade da conta de luz para famílias pobres e as mudanças nas regras do crédito imobiliário, que devem ampliar os financiamentos.
Boa parte desses custos, porém, aparecem nas contas do governo: o resultado do governo, que é a diferença entre tudo o que ele gasta e o que arrecada, deve ficar negativo em 0,6% do PIB neste ano e com uma piora no próximo, para um déficit de 0,8% no próximo. Isso garante mais dois anos de expansão da dívida pública, já que tudo que o governo não consegue pagar com as próprias receitas precisa ser pedido emprestado no mercado.
Os resultados negativos incorporam os gastos excetuados da contabilidade da meta, o que ajudará o governo a cumprir as formalidades das regras fiscais, mas ainda sem conseguir tirar as contas do vermelho.
“Neste ano, continuamos a ver o governo próximo de cumprir o limite inferior da meta de -0,6% do PIB, considerando abatimentos e a banda inferior da meta oficial de 0%”, afirma o Itaú. “Para 2026, seguimos enxergando um desafio de 0,4% do PIB para cumprimento do limite inferior da meta, com queda de receita conjuntural sendo compensada pelos efeitos da limitação de compensações tributárias.”