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Alemanha anuncia reforma do Exército com inscrição universal, mas serviço não obrigatório

A coalizão de partidos que governa a Alemanha anunciou nesta quinta-feira, 13, um acordo para reformar o Exército, estabelecendo o alistamento universal como regra para todos os homens de 18 anos, embora cumprir o treinamento e prestar serviço militar continue não sendo obrigatório. Ao menos por ora.

O acordo firmado entre a União Democrata Cristã (CDU), partido de centro-direita do chanceler Friedrich Merz, junto com o Partido Social-Democrata (SPD), parceiro de coalizão de centro-esquerda, apresenta uma resposta à escalada das tensões envolvendo as ações da Rússia na Europa e a pressão dos Estados Unidos para que o continente assuma a responsabilidade por sua própria proteção.

O que muda?

De acordo com o acerto, a partir de janeiro de 2026, todos os jovens de 18 anos serão obrigados a responder a um questionário dando informações sobre sua saúde física e mental, além de indicar sua disposição e capacidade de servir nas Forças Armadas. Independentemente do interesse em ingressar no Exército, eles terão que passar pela inscrição e por exames físicos.

O procedimento será obrigatório para homens e opcional para mulheres, uma herança do antigo sistema de serviço militar, que se aplicava somente ao público masculino. Remover a prerrogativa de gênero depende do Bundestag, o parlamento da Alemanha, onde dois terços dos legisladores teriam que aprovar uma mudança na Constituição — maioria que a atual coalizão teria dificuldades em alcançar.

O objetivo de Merz é transformar o Bundeswehr, Exército do país, em um dos mais fortes da Europa. Autoridades militares apontam que o efetivo precisa aumentar dos atuais 182 mil soldados para 260 mil até 2035. O mesmo teria que ser feito com os reservistas, que sairiam de 60 mil para 200 mil. Para alcançar a meta, Berlim pretende oferecer salários competitivos e benefícios, visando atrair interessados.

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“Vamos tornar o serviço voluntário mais atraente, queremos que o maior número de jovens se empolgue com o serviço por seu país”, disse o líder da CDU no parlamento, Jens Spahn, a repórteres nesta quinta.

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No entanto, há receios sobre o potencial para a ampliação das tropas somente por meio do voluntariado, o que gerou debates na composição do acordo. Para muitos membros da CDU, só a modalidade obrigatória seria capaz de garantir o aumento de efetivo necessário em um momento de tensão militar na Europa. Por ora, a retomada do recrutamento compulsório, suspenso em 2011, foi barrada devido à posição de pacifistas da SPD.

As discussões em torno do tema duraram meses até o acerto desta quinta, que prevê que, se o programa não atrair uma quantidade suficiente de voluntários, os parlamentares “serão convidados” a considerar outras alternativas – incluindo a possibilidade de se estabelecer um sistema aleatório de seleção para escolher cidadãos aptos a servir nas forças armadas de forma obrigatória.

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“Se, no final, o serviço voluntário não for suficiente, terá que haver um elemento obrigatório”, declarou Spahn.

O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, será responsável por apresentar ao Bundestag um relatório semestral sobre os resultados da campanha de recrutamento. “Estou muito, muito confiante de que tudo isso será bem-sucedido”, disse ele durante o anúncio do acordo. Também apontou que os exames médicos obrigatórios são uma medida preventiva eficiente para uma eventual crise, permitindo que Berlim tenha um “retrato completo” de seus jovens para avaliar as capacidades de defesa do país.
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