O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, demitiu nesta quinta-feira, 13, dois ministros acusados de envolvimento em um escândalo milionário de corrupção e pediu sanções contra um importante aliado, que acredita-se ser o principal operador e cabeça do esquema. As medidas foram tomadas após um dos ministros já ter sido afastado temporariamente do cargo, em meio a uma onda de indignação popular no país em guerra.
Zelensky afirmou que o ministro da Justiça, German Galushchenko, e a ministra da Energia, Svitlana Grynchuk, não poderiam mais permanecer em seus cargos. Ele também pediu sanções pessoais contra seu amigo e ex-sócio, Timur Mindich.
“Deve haver máxima integridade no setor de energia, em absolutamente todos os processos. Apoio todas as investigações realizadas pelas autoridades policiais e anticorrupção. Esta é uma posição absolutamente clara e consistente para todos”, afirmou ele, respondendo à revolta da população.
Prometendo responsabilizar aqueles que infringirem a lei, ele acrescentou: “Neste momento, a situação está extremamente difícil para todos na Ucrânia – enfrentando apagões, ataques russos e prejuízos. É absolutamente inaceitável que, em meio a tudo isso, ainda existam esquemas (de corrupção) no setor energético.”
O caso virou uma enorme crise política para o presidente. Ativistas anticorrupção, políticos da oposição e veteranos do exército instaram Zelensky a tomar medidas decisivas, mesmo que isso signifique a demissão e prisão de aliados.
A investigação, que durou 15 meses, foi conduzida pelo Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) contra a empresa estatal de energia nuclear Energoatom. O principal suspeito, Mindich, é um empresário que cofundou a Kvartal 95, empresa de produção de mídia de Zelensky.
Acredita-se que Mindich tenha fugido do país, possivelmente para Israel, horas antes de uma operação de busca e apreensão em seu apartamento, em Kiev. Ele já foi próximo de Zelensky, embora a imprensa local tenha informado que os dois perderam contato desde a invasão da Rússia.
Galushchenko atuou por quatro anos no Ministério da Energia, deixando o cargo para assumir a pasta da Justiça em julho. Segundo o Escritório da Procuradoria Especializada Anticorrupção (SAPO), o então ministro teria ajudado os participantes do esquema, como o ex-sócio do presidente, a lavar dinheiro por meio do setor energético, incluindo a estatal Energoatom. No total, o arranjo teria lavado cerca de US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 530 milhões).
Segundo o NABU, o grupo teria montado um “grande esquema de corrupção para controlar importantes empresas estatais”. No caso da Energoatom, o órgão apontou que os criminosos teriam recebido propina de empreiteiras vinculadas à estatal, com valores entre 10% e 15% do valor de cada contrato.
As autoridades indiciaram sete pessoas e aplicaram mandatos de busca e apreensão em imóveis vinculados aos envolvidos na segunda-feira 10, incluindo escritórios de Galushchenko e imóveis ligados a Minduch. De acordo com o jornal ucraniano Kyiv Independent, o aliado de Zelensky teria sido informado das buscas, fugindo.