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Galípolo diz que demora para a inflação convergir à meta é incômoda, mas gradualismo afasta risco de recessão

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, aponta que dois riscos relevantes se apresentavam no início de 2025: a dificuldade de conversão da inflação para a meta e o receio de que as ações do BC poderiam ocasionar um declínio mais agudo da atividade econômica. Nos dez meses que se seguiram, o ceticismo em relação ao controle da inflação diminuiu consideravelmente ao mesmo tempo em que a atividade econômica se mostra resiliente. A inflação está convergindo de maneira lenta e gradual para a meta. “O (aspecto) lento e gradual é bastante incômodo para o BC, mas por outro lado esse gradualismo colabora para diminuir o outro risco (tombo da atividade econômica)”, disse Galípolo durante o Fórum de Investimentos 2026, promovido pela Bradesco Asset, nesta quarta-feira, 12, em São Paulo.

A expectativa do mercado financeiro para a inflação de 2025 teve um pico no início de março, quando investidores esperavam uma alta de 5,68% nos preços. Desde então, a inflação esperada para o ano caiu para 4,55%, segundo o Boletim Focus desta semana. O percentual é apenas 0,05 ponto acima do teto da meta de inflação perseguida pelo BC, que é de 4,5%. Em paralelo — e apesar da taxa básica de juros em patamar alto — o desemprego registrou sua mínima da série histórica neste ano. O desemprego ficou em 5,6% no trimestre móvel encerrado em setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Galípolo chama a atenção para o fato dos juros reais — a diferença entre a taxa básica de juros e a inflação — serem bastante elevados no Brasil em comparação com outros países, mas a atividade econômica do país seguir resiliente. Atualmente, a Selic encontra-se em 15% ao ano, o maior valor em quase 20 anos. “Por diversas métricas o mercado segue aquecido com crescimento a taxas menores”, diz o presidente do Banco Central. “É algo bastante contraintuitivo para o que é o treinamento em política monetária”, concluiu. Além do desemprego em baixa, o chefe da autoridade monetária chamou a atenção para a inflação particularmente resiliente no setor de serviços e para a expansão do mercado de crédito.

Pensando em um horizonte de tempo mais longo, Galípolo avalia que o crescimento da economia brasileira tem sido produto, em grande parte, do aumento da força de trabalho — o que não é sustentável para sempre. “Isso tem um limite”, diz. “O crescimento sustentável ao longo do tempo vai depender de ganhos de produtividade, e vemos uma contribuição baixa da produtividade para o crescimento”.

Sobre a ata publicada pelo Banco Central nesta semana, referente à última deliberação sobre a Selic, Galípolo insiste que “o banco central não está dando sinais sobre qualquer tipo de movimentação futura, sobre o que ele pode ou não fazer”. O presidente do Banco Central considera normal que agentes do mercado financeiro tentem encontrar sinalizações da autoridade monetária em tudo que ela produz, mas o BC estaria apenas descrevendo a o panorama factual da economia. “Estamos sendo dependentes de dados (para tomar decisões)”, diz Galípolo.

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