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Trump diz que tem ‘obrigação’ de processar BBC por edição ‘radical’ de discurso

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira, 11, que se viu “obrigado” a processar a emissora pública britânica BBC após edição de um de seus discursos. O americano, no entanto, ainda não esclareceu se de fato levará a questão adiante.

Segundo uma carta vista pela agência de notícias AFP, advogados de Trump ameaçaram a BBC na segunda-feira com um processo no valor de US$ 1 bilhão (mais de R$ 5 bilhões) caso não houvesse “retratação completa e justa” de um programa da série Panorama, apresentado no ano passado, que tinha uma fala editada do mandatário.

O corte da declaração de Trump dava a impressão de que ele encorajava os ataques ao Capitólio em 2021, quando milhares de seus apoiadores invadiram a sede do legislativo americano para tentar impedir a confirmação do democrata Joe Biden como presidente.

Perguntado pela emissora americana Fox News se processaria a BBC, Trump disse: “Acho que tenho a obrigação de fazer isso porque não podemos permitir que as pessoas façam aquilo”.

“Eles realmente mudaram meu discurso de 6 de janeiro, que era um discurso lindo e muito tranquilo. Eles o fizeram parecer radical e o alteraram completamente. O que fizeram foi inacreditável. Eles me mostraram os resultados depois, o resultado do que fizeram, como o deturparam. Foi muita desonestidade”, disse o presidente americano.

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A edição

O escândalo envolvendo a fala manipulada de Trump foi exposto pelo jornal britânico The Telegraph no dia 3 de novembro, através de informações contidas em um dossiê interno da BBC produzido pelo então conselheiro Michael Prescott. A peça apontava que o programa juntou duas partes do discurso de Trump, fazendo-o “dizer coisas que ele nunca disse de fato”.

O comentário do republicano foi transmitido em uma edição do Panorama uma semana antes das eleições americanas de 2024. Na ocasião, o programa mostrou Trump dizendo: “Vamos caminhar até o Capitólio… e eu estarei lá com você. E lutaremos. Lutaremos como se não houvesse amanhã”, seguido imediatamente por imagens do grupo de extrema direita Proud Boys marchando em direção à sede do legislativo americano.

No entanto, duas falas separadas de Trump foram tornadas uma só, quando estavam originalmente separadas por mais de 50 minutos. A íntegra do discurso data de janeiro de 2021, quando o líder americano afirma: “Vamos caminhar até o Capitólio e vamos aplaudir nossos bravos senadores e congressistas”. Além disso, as imagens da organização ultradireitista foram gravadas antes do republicano iniciar seu pronunciamento.

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Enxurrada de críticas

O episódio gerou críticas à BBC dentro e fora do Reino Unido, resultando na renúncia do diretor-geral da emissora, Tim Davie, e da diretora executiva de notícias, Deborah Turness. A mudança foi anunciada na noite de domingo, 9. Segundo Davie, “a BBC está tendo um bom desempenho no geral, mas foram cometidos alguns erros, e como diretor-geral, tenho que assumir a responsabilidade final”.

Em uma carta aos membros do Parlamento que fazem parte da Comissão de Cultura, Mídia e Esporte, o presidente da BBC, Samir Shah, pediu desculpas por aquilo que definiu como um “erro de julgamento”. Na peça, Shah também afirmou que tomará “as medidas necessárias no futuro para assegurar que a BBC mantenha a confiança do público que serve”.

Políticos britânicos também comentaram a polêmica. O líder dos Liberais Democratas, Sir Ed Davy, argumentou que embora a BBC não seja perfeita, é “uma das poucas instituições que se interpõem entre os nossos valores britânicos e uma tomada de poder populista, ao estilo de Trump, na nossa política”, e que as demissões são uma oportunidade para a emissora “virar a página”.

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Já a líder do Partido Conservador, Kemi Badenoch, disse que a emissora britânica “não deve esperar que o público continue a financiá-la por meio de uma taxa de licenciamento obrigatória, a menos que possa finalmente demonstrar verdadeira imparcialidade”. Badenoch concordou com a renúncia de Davie e Turness, mas apontou que há “um catálogo de falhas mais profundo” que não será sanado com somente duas mudanças.

Durante sua coletiva diária em Downing Street, o porta-voz do primeiro-ministro Keir Starmer, Tom Wells, afirmou que “é importante que a BBC aja para manter a confiança e corrija os erros rapidamente quando eles ocorrerem”. Wells pontuou que o premiê não acredita que a emissora é “institucionalmente tendenciosa”, e defendeu que é “certo continuarmos a apoiar a BBC” em uma “era de desinformação”.

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