O volume de serviços cresceu 0,6% em setembro na comparação com agosto, oitava alta consecutiva, segundo o IBGE. O resultado veio acima das projeções e mostra um setor ainda aquecido, mesmo diante dos juros altos e da desaceleração de outras áreas da economia, como a indústria.
“O grupo de informação e comunicação tem sido um dos grandes responsáveis pelo bom desempenho do setor de serviços no ano, puxado principalmente pelos serviços de TI”, diz André Valério, economista sênior do Inter. Em setembro, o destaque veio dos serviços audiovisuais, que avançaram quase 8%, enquanto os serviços de TI variaram apenas 0,3%.
Transporte rodoviário de cargas e do transporte aéreo, ambos com crescimento de 1,2% no mês, também puxaram o setor. Rafael Perez, economista da Suno Research, atribuiu o resultado à continuidade da demanda por serviços empresariais, mudanças no padrão de consumo com o avanço do comércio eletrônico, o mercado de trabalho aquecido e a expansão da renda. “Esses fatores têm sido fundamentais para compensar o ambiente doméstico de juros elevados e o encarecimento do crédito”, diz.
Como o setor vai encerrar o ano?
Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o setor continua firme e está mantendo um bom ritmo de crescimento em 2025. Ela projeta que os serviços fechem o ano com alta próxima a 3%. “Serão impulsionados pelas medidas promovidas pelo governo para estimular a economia, como o aumento de gastos e o incentivo à concessão de crédito”, diz.
Ainda assim, há sinais de moderação. “Apesar do bom resultado do setor como um todo, ainda se nota indícios de perda de dinamismo”, afirma Valério. Ele lembra que as famílias estão mais restritas e que os serviços de alojamento e alimentação mantêm tendência de desaceleração. Perez também vê um ritmo mais contido à frente: “A partir do quarto trimestre, a economia deve entrar em uma fase de avanço mais moderado”, diz.