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Mudanças climáticas: a abissal diferença entre ações concretas e o que precisa ser feito

Na COP30 há duas certezas: há algum tempo, o mundo saiu da inanição no combate ao aquecimento global, mas as mudanças não estão ocorrendo na velocidade necessária para conter o avanço dos termômetros. Outro consenso bastante incômodo é o de que a meta de conter o aumento da temperatura em 1,5 grau Celsius já ficou para trás.

Nessa quarta-feira, 12, a o UNFCCC, o órgão da ONU voltado ao clima, divulgou um balanço que elenca os avanços e as lacunas da agenda em discussão na COP30, em Belém, com foco em seis eixos temáticos.

O panorama da Ação Climática Global revela um quadro preocupante quanto à necessidade de se acelerar as iniciativas, ao mesmo tempo em que indica a dificuldade de fazer a ações concretas avançarem. Na conferência, todas as decisões devem ser unânimes, o que dificulta a implementação.

O governo brasileiro tenta fazer com que a conferência aumente os compromissos dos países para que as medidas previstas saiam do papel.

Entenda em que pé estão três dos principais eixos:

Transição energética, da indústria e do transporte

Avanços: 

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A capacidade de energia renovável mais que dobrou entre 2015 e 2024, passando de 1.900 GW para 4.448 GW

Cerca de 91% dos novos projetos de energia renovável são mais baratos do que as alternativas de combustíveis fósseis.

Os veículos elétricos alcançaram 22% das vendas de veículos leves em 2024, um aumento significativo em relação a 0,68% em 2015.

Estão em andamento 1.001 projetos industriais limpos em escala comercial, e a capacidade de energia renovável é projetada para ultrapassar a geração a carvão até 2026.

O número de pessoas sem acesso à eletricidade diminuiu de 957,5 milhões (2015) para 666,4 milhões (2023)

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O que ainda precisa ser feito:

As emissões de metano de petróleo e gás estão aumentando (de 78,7 Mt em 2015 para 80,7 Mt em 2024), apesar da tecnologia existente para cortar 75% dessas emissões.

O crescimento anual de 15,1% na capacidade renovável está abaixo da taxa de 16,6% necessária para atingir a meta de triplicar até 2030.

O investimento em infraestrutura é considerado criticamente baixo.

A taxa de melhoria da eficiência energética declinou para 1% em 2023.

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Os subsídios a combustíveis fósseis aumentaram para USD 1,5 trilhão em 2023, um movimento na direção errada.

A capacidade anunciada para a produção de aço e cimento com emissão próxima de zero representa apenas 10% do que seria necessário para atingir o zero líquido até meados do século.

Gestão de Florestas, Oceanos e Biodiversidade

Avanços:

O financiamento para florestas quase quadruplicou entre 2015 e 2023 (de USD 11 bilhões para USD 38 bilhões).

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A área florestal global aumentou para 4,14 bilhões de hectares em 2025.

A cobertura de Áreas Marinhas Protegidas (MPAs) efetivamente gerenciadas expandiu de 4,1% em 2015 para 8,5% em 2024.

O crescimento da posse de terra legalmente reconhecida para Povos Indígenas e comunidades locais foi de 1,48 Bha (2015) para 1,58 Bha (2020).

O que ainda precisa ser feito:

A taxa de desmatamento piorou, passando de 7,0 Mha/ano em 2015 para 8,1 Mha/ano em 2024.

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Apenas 17,6% da terra e águas interiores estão protegidas..

Projetos de restauração cobrem apenas 10,6 milhões de hectares, muito aquém da meta de 350 milhões de hectares.

O financiamento para Soluções Baseadas na Natureza (NbS) está em aproximadamente USD 200 bilhões/ano, o que é cerca de um terço do necessári0.

Construção de Resiliência para Cidades, Infraestrutura e Água

Avanços :

O número Contribuições Nacionalmente Determinadas, as metas para diminuir as emissões de carbono conhecidas como NDC’s, voltadas para as grandes cidades quase dobrou (de 27 países em 2016 para 52 em 2024)

• O número de cidades que relatam ações de adaptação climática triplicou (de 380 em 2017 para 910 em 2023).

A mortalidade por desastres reduziu pela metade (de 1,62 para 0,79 por 100.000 habitantes).

O que ainda precisa ser feito:

Menos de 10% do financiamento climático total chega aos governos locais.

As emissões do setor de construção aumentaram, indicando que os ganhos de eficiência não compensaram o crescimento da área construída.

Apenas três países têm códigos de carbono zero para edifícios.

1,1 bilhão de pessoas vivem em favelas ou assentamentos informais, comunidades altamente vulneráveis.

A geração de lixo aumentou (de 2,0 bilhões de toneladas em 2017 para 2,1 bilhões de toneladas em 2024).

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