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Venezuelanos deportados por Trump para prisão em El Salvador sofreram tortura, revela relatório

Mais de 250 venezuelanos deportados para uma prisão em El Salvador pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sofreram tortura e abusos sistemáticos, incluindo agressão sexual, enquanto estavam detidos, revelou um relatório da ONG internacional Human Rights Watch (HRW) em parceria com o grupo Cristosal nesta quarta-feira, 12. Em julho, os imigrantes foram libertados do Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot, na sigla em inglês) em um acordo de troca de prisioneiros com os EUA.

“Chegamos à conclusão de que o governo Trump é cúmplice da tortura sistemática e dos desaparecimentos forçados de venezuelanos enviados a El Salvador”, disse Juanita Goebertus, diretora da HRW para as Américas.

O documento apontou que a situação dos deportados no Cecot violou as normas mínimas das Nações Unidas para o tratamento de prisioneiros, citando “condições prisionais desumanas, incluindo detenção prolongada em regime de incomunicabilidade, alimentação inadequada” entre os problemas. As organizações também apelaram por uma “investigação independente” do Departamento de Justiça dos EUA, mas consideraram a possibilidade improvável, além de instarem o governo Trump a parar de enviar imigrantes para terceiros países.

“Os detidos foram submetidos a espancamentos constantes e outras formas de maus-tratos, incluindo alguns casos de violência sexual”, afirmou o texto. “Muitos desses abusos constituem tortura de acordo com o direito internacional dos direitos humanos.”

“As pessoas detidas em Cecot disseram que foram espancadas desde o momento em que chegaram a El Salvador e durante todo o período em que estiveram detidas”, continuou. “Essas agressões e outros abusos parecem fazer parte de uma prática destinada a subjugar, humilhar e disciplinar os detidos através da imposição de grave sofrimento físico e psicológico. Os agentes também parecem ter agido acreditando que seus superiores apoiavam ou toleravam seus atos abusivos.”

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As conclusões foram tiradas a partir de mais de 200 entrevistas e da corroboração “forense” dos depoimentos, que detalharam espancamentos como punições por falarem muito alto, tomarem banho na hora errada e pedirem atendimento médico. Um dos prisioneiros, identificado apenas como Gonzalo Y, contou que o diretor do Cecot tinha um olhar arrepiante e disse “vocês chegaram ao inferno” — uma fala que deu título ao dossiê — quando os imigrantes chegaram à prisão de segurança máxima.

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‘Teatro de crueldade’

O relatório mencionou descobertas do próprio Departamento de Estado dos EUA, divulgadas em 2023, sobre condições prisionais severas no país da América Central e apontou que “o governo (americano) sabia que estava enviando pessoas para um lugar onde poderiam ser torturadas e enfrentar riscos de vida”. A denúncia também indicou que a administração Trump pagou ao presidente salvadorenho, Nayyib Bukele, – que se autodenomina “o ditador mais descolado do mundo” – US$ 4,7 milhões para cobrir os custos da detenção dos imigrantes.

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As revelações levaram o diretor executivo da Cristosal, Noah Bullock, a acusar a Casa Branca de “usar o sistema prisional salvadorenho como adereço em um teatro de crueldade”. Ainda em julho, o grupo com sede em El Salvador deixou o país após relatar assédio recorrente e ameaças legais do governo Bukele. Bullock disse que Trump desejava “enviar uma mensagem de brutalidade”, ponderando: “Mas não sei se eles tinham noção das consequências e dos horrores da tortura”.

Cerca da metade dos imigrantes detidos não tinham antecedentes criminais, embora tenham sido acusados de fazerem parte da gangue venezuelana Tren de Aragua pelos EUA, que não divulgou provas. Muitos tentavam fugir do regime de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela acusado de manipular os resultados das eleições no ano passado para permanecer no poder. Apenas 3% deles haviam sido condenados pela Justiça americana por crimes violentos, de acordo com o dossiê de 81 páginas.

Alguns detentos relataram terem sido espancados após visitas do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e de Kristi Noem, secretária de segurança interna dos EUA, que publicou um vídeo em frente a uma cela com deportados amontoados. A diretora do HMR afirmou, que com base nas revelações do relatório e na passagem de Noem pela prisão, “fica muito claro que o governo dos EUA é cúmplice da tortura gravíssima e sistemática que os venezuelanos sofreram”.

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