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Governadora dos EUA desafia Trump na COP30: ‘A América continua, com ou sem a Casa Branca’

Na ausência da Casa Branca na COP30, a governadora do Novo México, Michelle Lujan Grisham, assumiu um dos papéis mais ativos entre os mais de cem representantes subnacionais que compõem a delegação do America Is All In.

Para ela, o recado principal a países e investidores é simples: a política climática dos EUA não depende apenas do governo federal — e não está em retrocesso.

“O relatório fala por si: é um mapa do caminho, um resultado real, com um compromisso sério dos líderes estaduais e locais nos Estados Unidos”, afirmou a VEJA.

“O fato de alguns americanos na Casa Branca não estarem aqui, ou talvez nem acreditarem na crise climática, é insuficiente para parar o trabalho dos governadores que representam 60% da nossa população.”

Prefeitos e governadores ocupam o vácuo federal

Lujan Grisham, uma das vozes mais influentes do U.S. Climate Alliance, reforçou que estados vêm ampliando políticas e investimentos mesmo sem apoio, e às vezes contra a postura da administração Trump.

“Quando o governo federal se engaja, nós fazemos mais. Quando ele recua, nós também fazemos mais. É assim que funciona”, disse.

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Ela insiste que a dinâmica climática dos EUA é frequentemente mal compreendida no exterior. “Estados têm poder real e independência. Isso surpreende alguns países, mas é importante que entendam: somos nós que realmente movemos a economia, não o governo federal.”

Recepção na COP: “Nenhuma sombra sobre o trabalho que estamos fazendo”

Questionada sobre como países reagiram à ausência da Casa Branca e ao avanço de políticas federais de desregulação, a governadora foi taxativa: “Não ouvi nenhum comentário negativo sobre a imagem dos EUA. Ao contrário: senti entusiasmo pelo que estamos fazendo.”

Segundo ela, há reconhecimento de que os governos estaduais estão “mantendo a rota, sem retrocesso”, mesmo diante de uma presidência que rejeita a agenda climática.

“Não é bom ter um governo federal que nega a crise climática, claro. Mas isso não cria sombra sobre a aliança climática. O que fazemos é baseado em resultados, reduzir emissões, investir em renováveis, modernizar redes, proteger comunidades.”

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Estratégias dos estados: tarifas, transição e disputas com o Texas

A governadora deu exemplos concretos de como estados avançam onde Washington recua. “Eu posso criar em meu estado mais acordos de comércio que ajustam tarifas e tornam mais atrativo para empresas se instalarem no Novo México. Todos os estados podem fazer isso”, disse.

Ela citou ainda negociações internacionais próprias, incluindo visitas à Ásia para discutir gás natural liquefeito (GNL). “O LNG do Novo México é mais verde. Parece um oxímoro, mas se usassem o nosso, reduziriam emissões em até 40%.”

E fez questão de provocar: “Estou feliz em competir com o Texas em várias áreas. Nós os superamos em petróleo e gás mais limpos e vamos continuar reduzindo emissões de metano.”

Política doméstica: “Foi assim que me elegi”

Para Lujan Grisham, ação climática é um tema vencedor eleitoralmente e decisivo no Novo México. “Essas políticas ressoam. Foi assim que fui eleita em 2019 e reeleita em 2022.”

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Ela atribui essa força à combinação entre agenda social e economia verde. “Quando você tem bons empregos, uma boa economia e energia limpa, a capacidade de mover outras agendas, como educação e universidade gratuita, é muito maior.”

A mensagem ao mundo: confiança apesar de Washington

A governadora reconhece que muitos países temem mudanças bruscas na política dos EUA com troca de governos. Ela rebate: “Cem autoridades eleitas vieram aqui pessoalmente dizer exatamente o contrário: a ação climática dos EUA continua.”

E vai além: “Mesmo com falhas do governo federal, qual estado está crescendo mais rápido em energia renovável? Texas. Muitos estados vermelhos estão dizendo ‘sim’ porque são empregos bem pagos e boas oportunidades econômicas.”

Rumo a mais poder na mesa global

Lujan Grisham defendeu que estados e cidades avancem para ter participação mais direta nas negociações climáticas internacionais. “Estamos interessados em qualquer possibilidade de negociar de forma mais direta e ter representação oficial.”

Segundo ela, esse foi um dos temas discutidos com líderes da ONU durante a COP30. “Queremos mostrar que nosso compromisso é real e confiável. Eles ouviram isso de nós.”

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