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O recado por trás da escolha de Derrite como relator do projeto antifacção

O Planalto entrou em modo de contenção de danos diante da iminente aprovação do projeto de lei antifacção, relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). A escolha do ex-secretário de Segurança de São Paulo para comandar o texto, feita pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, acendeu o sinal de alerta no governo e gerou uma nova tensão política entre o Executivo e o Legislativo.

Segundo o colunista Robson Bonin, de Radar, que comentou o tema no programa Ponto de Vista, apresentado por Marcela Rahal, a nomeação de Derrite foi interpretada como um recado de distanciamento de Motta em relação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. “Houve uma insatisfação clara. A escolha do relator foi um gesto político de Motta para mostrar ao Planalto que as tentativas de aproximação não surtiram efeito — os interesses continuam conflitantes”, afirmou Bonin.

Planalto vê gesto de “isolamento” e tenta retomar o controle

A irritação do governo, segundo o colunista, tem menos a ver com o conteúdo do projeto e mais com o simbolismo político da escolha. O tema da segurança pública, que voltou ao centro da agenda após a megaoperação no Rio de Janeiro, é considerado território sensível para o Planalto, que ainda não encontrou um discurso sólido sobre o assunto.

“O governo não quer que um oposicionista lidere um projeto que possa ser visto como vitória da direita. Se é para resolver um problema no país, que o mérito fique com o governo, e não com a oposição”, analisou Bonin.

Diante da resistência, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), têm articulado encontros com Motta e líderes partidários para tentar suavizar o texto ou adiar a votação — que deve ser adiada.

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Segurança pública vira trunfo político da oposição

O embate expõe uma mudança de cenário em Brasília. Enquanto o governo se concentra em temas como economia e política externa, a direita conseguiu assumir o protagonismo no debate sobre segurança, impulsionada pelo impacto da operação no Rio.

“Desde a ação no Rio, a direita domina o discurso. A esquerda ficou sem resposta e o governo tenta correr atrás do prejuízo”, disse Bonin. “O que vemos agora é uma politização com foco eleitoral: todos querem posar para a sociedade como quem está fazendo algo, mas, no fundo, é uma disputa para que nada mude.”

Uma pauta de risco para o Planalto

A análise de Bonin aponta que o governo teme duas derrotas simultâneas: a política, caso a oposição capitalize a aprovação do projeto, e a narrativa, se o Planalto for visto como quem tentou barrar uma proposta de combate ao crime.

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“É uma luta pela autoria. O governo quer evitar que a vitória seja carimbada como bolsonarista”, concluiu o colunista.

Nos bastidores, interlocutores do Palácio do Planalto admitem que, independentemente do desfecho, o episódio reforça o desgaste entre Lula e o comando da Câmara — e coloca a segurança pública no centro da disputa política de 2026.

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