Cerca de 50 mil pessoas devem passar por Belém (PA) durante a COP30, que começou nesta segunda-feira, 10, e vai até o dia 21. Nesse período, a Universidade Federal do Pará (UFPA) será um dos principais polos de articulação do evento, ao receber cerca de três mil indígenas de diferentes partes do mundo para a Cúpula dos Povos. À frente da preparação, o reitor Gilmar Pereira da Silva trabalhou para que a instituição tivesse um papel central na difusão do conhecimento – com debates, fóruns e exposições científicas – e para que Belém não fosse apenas um “palco bonito”.
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“Não pode ser só um canto da sereia. Trabalhamos para isso. O mais importante é acolher o saber das pessoas e incorporá-lo no combate às desigualdades climáticas. Muita gente, inclusive daqui, associa a Amazônia apenas à floresta, sem enxergar sua dimensão humana, social e urbana. Esse silenciamento pode vir da ignorância, no sentido de desconhecimento, mas também de uma escolha política. Temos grandes cidades com os mesmos problemas de qualquer metrópole do mundo: favelas, desemprego, desestruturação… Mostrar essa realidade é um desafio que temos assumido com esforço”, afirma o reitor à coluna GENTE.
Gilmar reforça a importância de ouvir os amazônidas, sobretudo por parte das autoridades. “Os povos da Amazônia têm muito a ensinar com seus saberes tradicionais: o modo como cultivam, pescam e cuidam da floresta. Não é por acaso que ainda temos tanta floresta em pé; é graças a eles. Os governantes precisam ouvir uma sabedoria que não está nos livros nem nas universidades, mas que é fundamental para manter o equilíbrio ambiental”, ressalta.
Apesar de otimista com o impacto da conferência e a visibilidade que ela trará à região, o reitor mantém uma visão realista. “A COP30 não vai resolver os problemas da humanidade, mas o fato de acontecer na Amazônia nos permite jogar luz sobre suas experiências. Estou mais esperançoso com a oportunidade de as pessoas verem a Amazônia de perto – com suas alegrias, mas também com suas dificuldades: garimpo, pesca ilegal, desmatamento. O que precisamos é encontrar, coletivamente, caminhos para enfrentá-los”, conclui.