A forma leve – e até brincalhona – com que o ministro Alexandre de Moraes interrogou os acusados do “núcleo crucial” da trama golpista chamou a atenção de atores políticos em Brasília na última semana.
O ministro do Supremo Tribunal Federal fez seguidas brincadeiras, por exemplo, com o advogado do general Augusto Heleno sobre comida, a hora da alimentação e a melhor horário para as pausas do julgamento – todas virando memes na internet.
Com o mesmo advogado, Matheus Milanez, também transparecia se divertir com as perguntas feitas pelo defensor a Heleno, que utilizou a prerrogativa de não responder questionamentos do próprio Alexandre de Moraes e do procurador-geral da República Paulo Gonet para não se autoincriminar.
Bem humorado, o magistrado manteve a postura com todos os acusados de liderar a tentativa de abolição do estado de direito no Brasil, distensionando o ambiente, inclusive, em relação à estratégia usada por alguns dos defensores, como o do general Paulo Sérgio Nogueira que deu um esporro público no seu defensor.
Até no momento mais tenso, quando Alexandre de Moraes passou a inquirir Jair Bolsonaro, o clima era ameno, com sorrisos de parte a parte, como na hora em que o ex-presidente perguntou se poderia fazer uma brincadeira e e o magistrado pediu, sorrindo, para ele consultar os advogados.
Para esses atores políticos ouvidos ouvidos pela coluna foi a forma encontrada por Alexandre de Moraes para enfrentar um momento em que ele está pressionado. Especialmente depois das críticas a ele feitas por publicações internacionais com enorme prestígio.
Após as revelações de VEJA na edição da última semana, de que o réu relator pode estar fazendo um jogo duplo e desrespeitando as obrigações do acordo de delação premiada, o que ele nega, pode gerar consequências nessa nova versão paz e amor de Moraes. Confirmadas as informações aos olhos do magistrado, a tendência é que ele vista novamente a farda de “Xerife do Supremo”, que o tem marcado por tantos anos.