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EUA anunciam acordo com fabricantes de Mounjaro e Ozempic para baixar preços – saiba repercussão no Brasil

Os Estados Unidos firmaram, na última semana, um acordo histórico com as farmacêuticas Eli Lilly e Novo Nordisk, responsáveis, respectivamente, pelos medicamentos para controle do peso e do diabetes Mounjaro e Ozempic, a fim de reduzir o preço das medicações. O objetivo é aumentar o acesso ao tratamento da obesidade e de problemas de saúde ligados a ela.

Os fabricantes realizaram acordos separados com o governo americano para baixar os preços das canetas de aplicação semanal que atuam na perda de peso e no equilíbrio da glicemia, oferendo outros benefícios à saúde.

“Esses acordos representam uma mudança profunda na política de saúde americana, abrindo caminho para que milhões de pessoas tenham acesso subsidiado a terapias inovadoras, tanto por meio de programas públicos como através do canal de venda direta ao paciente”, comenta o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e colunista de VEJA SAÚDE. 

O acordo de barateamento do Mounjaro

De acordo com nota emitida pelo laboratório americano Eli Lilly, a partir de abril de 2026 beneficiários do Medicare, sistema de saúde americano que assiste pessoas com doenças crônicas e idosos, pagarão no máximo US$ 50 dólares (o equivalente a pouco mais de R$ 260 reais) por mês por remédios como Mounjaro e mesmo a orforgliprona – pílula de uso diário que está em fase de aprovação pelo órgão regulatório dos EUA. Hoje, esse valor pode superar os US$ 1.000 mensais.

A empresa também permitirá que os estados ampliem o acesso via programa público de saúde destinado a pessoas de baixa renda, que é financiado pelos governos federal e estadual. Na prática, isso significa que milhões de americanos que hoje não conseguem arcar com os custos desses medicamentos poderão utilizá-los graças aos novos subsídios.

Para quem não está em programas públicos, a Lilly criou um canal alternativo de compra direta: uma plataforma digital que conecta pacientes a médicos e farmácias parceiras. Nesse sistema, os usuários poderão comprar os medicamentos com descontos de 50% a 60% em relação aos preços de mercado, pagando diretamente à empresa — sem precisar da mediação do seguro de saúde.

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Em comunicado, o CEO da Lilly, David Ricks, celebrou o acordo como um marco na história da saúde americana: “O sistema de saúde dos Estados Unidos evoluiu de forma injusta, com os americanos pagando mais do que outros países pelos mesmos medicamentos. Esse é um passo para reequilibrar o acesso e reduzir custos sem comprometer a inovação”, afirmou.

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Ozempic e Wegovy também terão preço reduzido

A dinamarquesa Novo Nordisk anunciou, no mesmo dia, um acordo semelhante, mas com características ligeiramente distintas. A companhia também firmou parceria com o governo americano para reduzir os preços dos medicamentos à base de semaglutida, como Wegovy e Ozempic, e anunciou valores mais baixos aos pacientes atendidos por seguros de saúde.

O principal foco será a inclusão dos medicamentos em um projeto-piloto do Medicare, que é o programa federal responsável por custear medicamentos prescritos a idosos. O acordo também prevê descontos no canal de compra direta, de forma que pacientes que pagam do próprio bolso poderão obter os remédios a valores mais acessíveis.

Em comunicado, o CEO da Novo Nordisk, Mike Doustdar, destacou que o acordo reflete um compromisso social de longo prazo: “Acreditamos que o acesso às terapias inovadoras é essencial. Esse acordo permitirá que mais pessoas com obesidade tenham acesso ao Wegovy legítimo, com acompanhamento médico adequado e segurança”.

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Em comum, tanto a Eli Lilly como a Novo Nordisk receberão três anos de isenção tarifária em troca da redução dos preços em território americano.

O peso das medidas

O acordo das farmacêuticas com os EUA foi considerado histórico por especialistas por reconhecer a obesidade como uma doença crônica, com grandes impactos na saúde pública, e que só pode ser controlada com tratamentos contínuos – o que se aplica a mudanças no estilo de vida, mas também ao uso de remédios prescritos.

Um dos principais argumentos reconhecidos pelo governo americano é que o excesso de peso está por trás do desenvolvimento de uma série de outros problemas e complicações, como diabetes, hipertensão, infarto, AVC, Alzheimer e até alguns tipos de câncer.

No longo prazo, espera-se que o tratamento efetivo com as medicações subsidiadas resulte também numa redução de hospitalizações e mortes, melhora na produtividade dos pacientes e economia de bilhões em gastos públicos e privados. 

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“Os acordos também têm peso geopolítico. Ao colaborar com o governo americano, as duas principais potências no tratamento medicamentoso da obesidade hoje fortalecem sua imagem de parceiras na solução de um dos maiores problemas de saúde da nossa era”, analisa Couri.

“É um passo importante na compreensão de que o futuro da saúde global passa pela balança e de que viver com mais saúde, dignidade e acesso à inovação é um direito de todos.”

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Haverá mudanças no Brasil?

Segundo informações obtidas pelo colunista de VEJA SAÚDE e compartilhadas com VEJA, ambos as multinacionais estão dialogando com o governo brasileiro.

A Novo Nordisk firmou, recentemente, uma parceria com o laboratório nacional Eurofarma para disponibilizar novas marcas de canetas injetáveis à base de semaglutida que terão menor preço no país – o valor não foi divulgado, mas o lançamento ocorre ainda neste ano.

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Já a Eli Lilly informa estar em conversa com os tomadores de decisão, apresentando soluções proativas para aumentar o acesso dos pacientes a medicamentos como o Mounjaro. Mas tudo depende de futuras negociações e questões regulatórias adaptadas aos mercados locais.

Por ora, não há um acordo do porte americano para barateamento dos análogos de GLP-1 de ação semanal no Brasil nem previsão de que esses remédios sejam incorporados no SUS.

“Se pensarmos no tamanho que a obesidade está tomando no país, medidas desse tipo seriam ótimas notícias”, diz Couri.

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