Entre janeiro e setembro de 2025, nenhum outro carro vendeu tanto na China quanto o EX2. Tornou-se o modelo mais rápido a superar a marca de 400 mil emplacamentos em seu país de origem. Em agosto, foi o segundo elétrico mais vendido globalmente, perdendo apenas para o Tesla Model Y. Lançado pela Geely, empresa que é dona da Volvo e da Lotus, entre outras, o modelo compacto é um interessante fenômeno. E que acaba de chegar ao Brasil.
“O EX2 será o primeiro Geely e o primeiro carro elétrico de muitos brasileiros”, diz Jefferson Antunes, head de marca e produto da marca chinesa no Brasil. A aposta da fabricante no modelo é alta. Segundo Ariel Montenegro, argentino que agora preside a Renault no país, afirma acreditar que há muito espaço para crescimento no segmento dos elétricos compactos – mesmo em um momento em que as vendas globais de carros movidos totalmente a eletricidade estão caindo.
Com porte de hatch compacto, o EX2 tem 4,1 metros de comprimento e 1,5 metro de altura. A grande vantagem é o espaço interno. São 2,60 metros de entre-eixos, apenas 5 centímetros a menos que um Toyota Corolla, sedã significativamente maior. O motor elétrico produz 116 cv e 15,3 kgfm, mais que suficientes para impulsionar o modelo de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos, com velocidade máxima limitada eletronicamente a 140 km/h. Tem tração traseira e bastante espaço para bagagem. O porta-malas comporta 370 litros, enquanto o “frunk”, o espaço dianteiro (que a marca chama de “fronta-malas”, nome oficialmente registrado) tem mais 70 litros. Dentro da cabine há 36 porta-objetos, de espaços para copos a um porta-luvas em formato de gaveta.
A autonomia declarada pelo Inmetro é de 289 quilômetros, e seu sistema permite carregamento rápido, o que garante a recarga de 30 a 80% em apenas 21 minutos em uma tomada DC, ou 6,5 horas de 10 a 100% no wallbox, com carregamento AC.
Ele será vendido em duas versões com preços bastante agressivos. A mais básica, Pro, custará R$ 123.800, enquanto a Max, topo de linha, custará R$ 136.800. No lançamento, serão vendidos com descontos, por R$ R$ 119.990 e R$ 135.100, respectivamente. A versão mais cara tem sistema Adas (com frenagem de emergência, alerta de mudança de faixa, câmera panorâmica, piloto automático adaptativo (ACC) e ajuste elétrico no banco do motorista. Desde a versão básica conta com 6 airbags, saída de ar traseira e multimídia de 14,6 polegadas. O carro terá seis anos de garantia, com 8 anos para a bateria.
Com essas especificações, o EX2 quer ganhar espaço na categoria dominada pela BYD, especialmente com o Dolphin Mini, de preço semelhante, e com o Dolphin. Somados, os dois modelos venderam mais de 28 mil unidades no país. Na faixa dos R$ 150 mil, há ainda o Ora 03 SKIN BEV48, da GWM, oferecido por R$ 154 mil.
Ao volante, ele se mostra um modelo bastante acertado principalmente para o uso urbano. Como outros elétricos, ele responde bem em acelerações e é ágil no trânsito. A suspensão foi calibrada para o nosso mercado – um ponto que sempre atrai reclamações em carros chineses. Ela é macia, focada no conforto, e chega ao fim do curso em alguns momentos, mas a sensação é que ele é mais firme que seus concorrentes. É agradável de conduzir, bastante espaçoso, especialmente na segunda fileira, e capaz de levar bastante bagagem. O acabamento interno é caprichado, com muitas superfícies macias ao toque e elementos estéticos, como um skyline urbano no painel, do lado do passageiro.
Há alguns pontos de atenção. Como seu irmão maior, o EX5, o EX2 não tem conectividade com Android Auto, apenas Apple Car Play. Com isso, os usuários do sistema Android, que representam 83% da população brasileira, segundo dados da consultoria StarCounter, precisam usar gambiarras como o Carbitlink, que espelha a tela do celular, mas tira a função de toque da central multimídia e faz com que seja necessário mexer direto no celular. A empresa afirma que está trabalhando na solução. Mas os concorrentes à venda por aqui já têm essa função habilitada.
O EX2 chega em um momento interessante da indústria. Na última semana, a Geely comprou 26,4% da operação da Renault no Brasil. Com isso, a marca chinesa poderá produzir seus veículos na fábrica brasileira, enquanto a Renault poderá usar as plataformas híbridas e elétricas. Uma nova etapa dessa parceria será anunciada nos próximos dias.
A estratégia da empresa é oferecer EX2 e o EX5 em uma rede própria que terá 40 concessionárias. Segundo Ariel Montenegro, o objetivo é ter uma cobertura importante nos mercados com maior demanda para modelos totalmente elétricos.