Belém se transforma na capital mundial do clima a partir desta quinta-feira, 6. Sede da 30ª Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a cidade recebe 56 chefes de estado, que vieram ao Brasil para participar da Cúpula dos Líderes, durante dois dias, na Zona Azul, espaço oficial da COP, montado no Parque da Cidade. Convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a reunião é o marco central do processo de mobilização e diálogo internacional sobre a urgência climática. Depois de dez anos do Acordo de Paris, as emissões globais voltaram a crescer e os cortes se mostram insuficientes para impedir que o aquecimento não ultrapasse 1,5°C da temperatura do período pré-industrial, limite que já foi quebrado no ano passado, uma década antes do que os cientistas esperavam.
O futuro parece ainda mais desafiador. O planeta caminha para um aumento de temperatura superior a 2,5 °C, até o fim do século, segundo a ONU. Sem reduções drásticas e imediatas nas emissões, o mundo se afasta cada vez mais das metas acordadas e se aproxima de um cenário de desastres climáticos. Para mudar o curso, é preciso acelerar a diminuição das emissões de carbono com ações mais efetivas. E isso tem um custo. Os países mais desenvolvidos, responsáveis pela maior fatia da poluição, precisam desembolsar 1,3 trilhões de dólares por ano. Meta difícil. “Mas o impossível pode acontecer”, lembrou André Corrêa do Lago, presidente da COP30, no evento de apresentação do Road Map, batizado de “Roteiro de Baku a Belém para 1,3 trilhão”. O documento, de 81 páginas, é um roteiro com passos, metas e prazos para as ações. O presidente lembrou que durante a pandemia da Covid-19, os países fizeram surgir bem mais do que 1,3 trilhão de dólares, diante do cenário de morte e incertezas.
Resolver as questões do clima depende mais de uma disposição política do que econômica. “A Cúpula tem a função de dar impulso político às conversas”, diz Liliam Chagas, diretora do Departamento do Clima do Ministério das Relações Exteriores e negociadora do Brasil no evento mundial sobre as mudanças do clima. Os organizadores trouxeram para a Cúpula a mesma agenda que será discutida na COP30, que vai de 10 a 21 de novembro. A reunião dos líderes começa às 7h, com recepção do presidente Lula. Em seguida, haverá a abertura da plenária geral, onde os chefes de delegação terão espaço para os discursos.
No meio do dia, o presidente Lula finalmente lança oficialmente o Fundo de Florestas Tropicais (TFFF), que não é uma ferramenta de doação, mas de investimento sustentável, muito divulgado e elogiado desde a COP de Dubai. Entre os temas que serão discutidos, Florestas e Oceanos, Transição Energética, NDCs e financiamento, além de uma sessão especial sobre os dez anos do Acordo de Paris.
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A reunião dos líderes é responsável pelo tom político e estratégico das negociações que virão. É nesse momento que chefes de Estado e de governo anunciam compromissos, reforçam metas e sinalizam prioridades — criando o impulso diplomático e financeiro que orienta os negociadores técnicos durante o restante da conferência. Ela antecede o encontro do clima, justamente para abrir caminho às decisões concretas, alinhar vontades políticas e destravar temas sensíveis, como financiamento climático, transição energética e adaptação. Sem esse impulso inicial, a COP correria o risco de se limitar a questões técnicas, e com isso perder o peso e a urgência, que apenas um consenso político de alto nível consegue gerar.
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