A presidente do Superior Tribunal Militar, Maria Elizabeth Rocha, está preparando uma resposta ao colega de toga da corte, tenente-brigadeiro Carlos Augusto Amaral Oliveira, que fez declaração misógina ao criticá-la pelo histórico pedido de perdão por crimes cometidos durante a ditadura.
As desculpas ocorreram no ato que lembrou os 50 anos do assassinato sob tortura de Vladimir Herzog, ocorrido na catedral da Sé no último 25 de outubro (veja o pedido aqui).
Indicado em 2020 por Bolsonaro para o STM, Oliveira afirmou que Rocha estudasse “um pouco mais de história do tribunal para opinar sobre a situação no período a que ela se referiu”, o regime militar. O brigadeiro também recomendou que a ministra “refletisse sobre as pessoas a quem pediu perdão”.
Segundo a coluna apurou, Maria Elizabeth Rocha deve responder ainda nesta sexta, 31, às declarações do juiz, focando primeiramente na violência de gênero que impactou a magistratura feminina. Houve uma desqualificação da magistrada relacionando a presidente do STM à falta de estudo e à necessidade de aprendizado com homens.
Na sua resposta, a magistrada vai reiterar a importante defesa pela democracia feita na corte. A nota deve trazer outros pontos sobre a declaração de Carlos Augusto Amaral Oliveira, que chegou a ser chefe do Estado-Maior da Aeronáutica.
O tenente-brigadeiro do ar é responsável pela vergonhosa absolvição dos militares do Exército envolvidos no assassinato do músico Evaldo dos Santos Rosa (em 2019) e Luciano Macedo, em operação no Rio de Janeiro que ficou conhecida como o absurdo “caso dos 80 tiros”. As duas vítimas eram pessoas negras.