Uma pesquisa da AtlasIntel revela que a megaoperação policial realizada no Complexo do Alemão e no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, na terça-feira, 28, é apoiada pela maioria da população brasileira. De acordo com a sondagem, 55,2% aprovam a ação das forças de segurança, ao passo que 42,3% desaprovam. Entre os habitantes da capital fluminense, os números são ainda mais consistentes: 62,2% a 34,2%.
Tanto no recorte nacional, quanto no regional, a atuação do governo do estado se mostra mais popular entre os homens, entre a população de mais baixa renda e entre os moradores de favela. O apoio também é maciço entre os eleitores que votaram em Jair Bolsonaro nas últimas eleições, evidenciando problemas para o governo Lula na seara da segurança.
Nada menos do que 55,9% dos entrevistados são favoráveis a mais operações do tipo. Entre os cariocas, a cifra sobe para 62%. Já 64,6% defendem o envio de veículos blindados por meio de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), iniciativa que teria de partir do Governo Federal, por envolver a participação das Forças Armadas.
A disputa de narrativas em torno da operação opôs o governo do Rio ao Palácio do Planalto, que disse não ter sido comunicado da iniciativa com antecedência.
Nos últimos dias, integrantes do governo, parlamentares da esquerda e movimentos sociais fizeram diversas críticas ao grau de letalidade da operação que terminou com 121 mortes (117 suspeitos e 4 policiais). No entanto, segundo a pesquisa, a percepção da população é que o nível de violência foi adequado para 52,5% dos brasilerios – entre os cariocas, o número sobe para 62,3%.
Politização da operação
A polarização em torno do tema também se mostra evidente quando se analisa a percepção da população quanto à forma de ação empregada pela polícia. Para 42% dos brasileiros, o saldo de mais de 120 mortes reflete uma tentativa de se obter ganhos políticos, ao passo que para 39,3% ele é reflexo da melhor forma de se combater o crime efetivamente.
Quando a mesma pergunta foi feita apenas para moradores do Rio de Janeiro, contudo, a situação se inverte: 51,7% acham que se trata de um método eficaz para o combate ao crime e 37% o atribuem à exploração eleitoral. Os dois grupos acreditam as pessoas mortas durante a operação são melhores descritas como criminosos do que como vítimas.
Embora tenha demonstrado adesão nas redes sociais, a estratégia da oposição de se unir em torno do tema da segurança pública pode ter o seu alcance limitado. Segundo a AtlasIntel, o avanço da criminalidade é importante, mas não é o único a ser considerado na hora do voto para 64,8% da população. Para 30,8% ele é prioritário e 4,3% se interessa mais por outros assuntos políticos.
No estado do Rio, profundamente afetado pelo problema da violência, no entanto, 44,4% diz dar importância prioritária ao quesito na hora de escolher o voto, enquanto 49,5% diz que ele está contido em outros assuntos que também deveriam ser considerados.
A pesquisa
Foram ouvidas 1 089 pessoas, por meio de formulário online, entre os dias 29 e 30 de outubro de 2025 . A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. No Rio, a amostra foi de 1 527 respondentes.