Sydney Sweeney apareceu cintilante e transparente no Power of Women, evento da Variety que, ironicamente, celebra o poder feminino. Um vestido prateado e de corte preciso desenhado por Christian Cowan, mas que pela transparência, já deu o que falar. E olha que nem era tão escandalosa assim, já vimos mais. De qualquer forma, o debate ressurgiu: até onde uma mulher pode brilhar sem ser julgada por isso?
É fato que o chamado naked dress é um velho conhecido das passarelas e dos tapetes vermelhos. Desde Marilyn Monroe cantando “Happy Birthday, Mr. President” num modelo que parecia costurado à pele, em 1962, a história continua a mesma: basta um tecido translúcido para virar pauta principal entre os moralistas de plantão.
Recentemente, Margot Robbie homenageou Giorgio Armani com um longo de tule bem mais ousado. Dakota Johnson foi outra que roubou holofotes com um modelo transparente de renda preta e efeito hipnótico da Gucci, mas o que se fala não é o significado da escolha, mas sim o corpo feminino, se deve ou não ser mostrado, e como.
No caso de Sydney Sweeney, o que incomoda mais não é simplesmente o vestido. É o que ele (e ela) simboliza. A atriz, de 28 anos, que conquistou Hollywood com “Euphoria” e “The White Lotus”, vem sendo alvo de uma curiosa combinação de admiração e puritanismo. Depois de estrelar uma campanha de jeans que brincava com o duplo sentido entre jeans e genes, acusada de objetificação, agora é o brilho do tecido que desperta indignação.
Mas, como disse Sharon Stone — que sabe bem o que é ser desejada e julgada por isso — “não tem problema usar o que a mamãe te deu”. A estrela de “Instinto Selvagem” saiu em defesa da jovem atriz: “É difícil ser desejada, e acho que todas nós sabemos disso. Está tudo bem usar cada pedacinho da sua sensualidade — aqui e agora — e aproveitar isso. Quem é você pra não ser bonito?”
O discurso de Sharon traduz o que há de mais incômodo nessa história: o corpo feminino ainda é tratado como território público, e a sensualidade, como algo que precisa ser justificado. Sweeney, porém, parece indiferente à patrulha — e, talvez, esse seja o maior gesto de poder.
Até porque – de novo – seu vestido nem era tão transparente assim. O que realmente se vê — ou se teme — é a transparência da liberdade. Porque quando uma mulher veste o que quer, brilha como quer e não pede desculpas por isso, o escândalo, na verdade, não está no look, mas sim no olhar de quem o julga.


