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Como a Piet mergulhou na acervo da Peugeot para criar coleção de moda

Todas as calças jeans têm uma filigrana, um desenho, nos bolsos de trás. São desenhos que podem simbolizar o logotipo da empresa ou terem sido criados como um elemento visual atrativo. No caso da peça da Piet assinada pelo designer Pedro Andrade, um dos principais nomes da moda brasileira atual, a referência veio do banco de um carro – nesse caso, de um Peugeot 2008. “De forma sutil, vamos conectando histórias e referências”, conta o designer à reportagem da VEJA no discreto espaço que usa como escritório. A calça jeans é apenas uma das peças de uma coleção inteira que marca a colaboração entre a Peugeot e a Piet que chega nesta sexta-feira, 31, à loja da grife em São Paulo.

Conhecer a história da marca é fundamental para compreender seu posicionamento no universo fashion atual. A Piet foi criada em 2012, quando Andrade ainda cursava o último ano de design industrial. “Comecei fazendo camisetas para gerar uma renda extra”, conta o designer. Por não ter formação em moda, produzia camisetas ao mesmo tempo em que estudava o mercado. A marca foi descoberta pela loja Your ID no Instagram, e as coisas começaram a ganhar força. Depois, Andrade foi descoberto pela Cartel 011, outra importante loja da cena streetwear paulistana. Trabalhou lá por três anos, aprendendo sobre o negócio enquanto a Piet crescia. Foi nesse período que a Nike descobriu seu trabalho e ofereceu um contrato de colaboração com validade de dois anos. “Foi um ponto de virada. Pude contratar as primeiras pessoas para a equipe, montei um escritório e ganhei notoriedade na mídia internacional”, lembra Andrade. 

Um dos croquis que mostram o desenvolvimento da coleção
Um dos croquis que mostram o desenvolvimento da coleçãoPiet/Divulgação

As colaborações acabaram se tornando parte do DNA da marca. Foram várias ao longo dos anos, da marca de cristais Swarovski à Oakley, conhecida pelas roupas descoladas. No aniversário de dez anos, Andrade fez uma mudança na estrutura. “Reposicionei a Piet para focar no streetwear brasileiro com uma abordagem sofisticada e global”, conta o designer. E criou a P. Andrade, marca mais autoral e experimental. Agora, a coleção com a Peugeot chega em um momento importante para a marca, que encerrou a edição do São Paulo Fashion Week no Estádio do Pacaembu com um desfile que reuniu mais de 6 mil pessoas.

Para criar as peças, Andrade mergulhou no vasto acervo da Peugeot. O primeiro passo do processo criativo foi mapear palavras-chave de ambas as marcas, encontrando pontos de convergência. Depois, ele foi procurando elementos de design que pudessem dialogar com a história da marca de carros e com o fazer artesanal da costura. Jerseys de ciclismo fazem referência às bicicletas construídas pela empresa no início de sua atuação, bem como a jaqueta Worker é inspirada nas roupas usadas pelos trabalhadores franceses no início do século 21. “A coleção é um mash-up de referências. E quanto mais repertório, melhor”, diz o designer.

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Andrade tem ligação com o mundo automotivo. “Meu pai sempre gostou de carro e eu sempre gostei de carro”. Na faculdade, fez cursos específicos de design automotivo. Estudava como fazer a carenagem de um veículo. “Eu sei fazer modelos em escala!”, conta.

Um dos croquis que mostram o processo de produção da coleção
Um dos croquis que mostram o processo de produção da coleçãoPiet/Divulgação

A coleção chega em um momento em que há um intenso diálogo entre a moda e o universo automotivo. Roupas usadas por pilotos nas pistas estão migrando para o ambiente urbano e há uma série de lançamentos envolvendo o imaginário automobilístico, de camisetas gráficas com modelos e circuitos clássicos a peças menos óbvias. “Existe muita sinergia entre essas duas áreas, mais do que as pessoas imaginam”, diz Andrade. “Pessoas que trabalham com design e mesmo equipes da indústria automobilística olham para curvas de tendência, tentando entender os hábitos de consumo, e é natural que exista sinergia”, completa. Além disso, ele afirma que a moda é um importante estágio da cultura, que ajuda a disseminar estilos e tendências para um público mais amplo.

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Para a Peugeot, a parceria é uma maneira de reforçar alguns elementos do legado automotivo e de design. “Temos muita história, o que cria um nível de conexão diferente com marca que poucos conseguem”, Fabiana Figueiredo, vice-presidente da marca Peugeot para a América do Sul. A colaboração faz parte da plataforma Drive to Create, iniciativa que promove experiências para conectar o universo automotivo com as artes visuais e design. Dentro da iniciativa, já participaram de eventos como a Casacor e o Festival DW!, focado em design. “O público que vai nesses eventos se interessa e começa a se questionar, a entender o que leva a Peugeot a estar ali, e entra em contato com o universo da marca”, diz Figueiredo.

Detalhe da filigrana na calça jeans que remete à costura do banco do Peugeot 2008
Detalhe da filigrana na calça jeans que remete à costura do banco do Peugeot 2008Peugeot/Divulgação

A ideia é que a coleção atraia um público novo, mais jovem, que não necessariamente vai comprar um carro imediatamente, mas que vai começar a desenvolver uma relação de proximidade com a marca. “Mas acho que há diferentes perfis”, afirma Andrade, “desde a pessoa que se interessa puramente pelo aspecto estético quanto alguém que tem um Peugeot e quer expressar seu interesse pelo carro na moda”, conclui.

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