Um relatório global sobre saúde e mudanças climáticas revelou que o aumento das temperaturas mata uma pessoa a cada minuto no planeta. A análise, liderada pelo University College London em parceria com a Organização Mundial da Saúde e divulgada nesta quarta-feira, 29, destaca que milhões morrem todos os anos devido ao calor extremo, poluição e disseminação de doenças associadas à crise climática.
Segundo o Lancet Countdown 2025, a dependência global de combustíveis fósseis não apenas aquece o planeta, mas também contribui para poluição tóxica, incêndios florestais e a propagação de enfermidades como dengue e Chikungunya. Entre 2012 e 2021, a taxa de mortes relacionadas ao calor cresceu 23% em comparação às décadas anteriores, mesmo considerando o aumento populacional, chegando a cerca de 546 mil óbitos por ano — ou uma morte por minuto ao longo do ano.
O documento aponta que a inação de governos, a continuidade da exploração de combustíveis fósseis e políticas ambientais enfraquecidas agravam a mortalidade global e aumentam os prejuízos econômicos, especialmente em países mais vulneráveis.
A análise mostra que, em 2023, os governos destinaram US$ 2,5 bilhões por dia em subsídios diretos a empresas de petróleo, gás e carvão, praticamente o mesmo valor perdido diariamente em produtividade devido ao calor extremo em fazendas e canteiros de obras. A redução da queima de carvão nas últimas décadas salvou aproximadamente 400 vidas por dia, e a geração de energia renovável avança rapidamente. Ainda assim, especialistas alertam que, enquanto a dependência de combustíveis fósseis continuar, o futuro sustentável permanece fora de alcance.
“Estamos presenciando milhões de mortes evitáveis a cada ano por nossa demora em reduzir as emissões e adaptar sociedades aos impactos do aquecimento global. Líderes, governos e corporações que recuam em compromissos climáticos colocam vidas em risco desnecessário”, enfatizou a Dra. Marina Romanello, do UCL, ao jornal britânico The Guardian.
O estudo também destaca que a exposição a calor extremo atingiu 19 dias por ano, em média, por pessoa, nos últimos quatro anos, e que 16 desses dias foram causados pelo aquecimento global de origem humana. Em 2024, o impacto nas atividades produtivas atingiu 639 bilhões de horas de trabalho perdidas, gerando perdas equivalentes a 6% do PIB nos países mais pobres.