Os mercados financeiros aguardam, nesta quarta-feira, um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do Federal Reserve (Fed), apoiado por sinais de desaceleração da economia americana e controle gradual da inflação, apesar das incertezas persistentes no mercado de trabalho. Essa é a avaliação de Josias Bento, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, que participou do programa Mercado, da revista VEJA, ao lado de Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper e colunista da publicação. Ambos analisaram os desdobramentos da política monetária nos Estados Unidos e seus reflexos sobre o Brasil.
Rocha ressaltou que uma eventual queda dos juros americanos pode abrir caminho para a redução da Selic, atualmente em 15% ao ano, mas alertou que o Banco Central brasileiro deve agir com cautela para evitar pressões sobre o câmbio. Segundo ele, o país vive um paradoxo: a manutenção de juros elevados ajuda a conter a inflação, mas ao mesmo tempo freia a atividade econômica e encarece o crédito. O professor também apontou que a taxa alta desestimula o mercado de capitais, estagnado desde 2021, já que “com juros a 15%, o investidor prefere renda fixa a ações”. Para Rocha, a retomada do crescimento e da confiança empresarial é fundamental para que o Brasil avance como “um país de renda média sustentável”.