A Amazon planeja automatizar cerca de três quartos de suas operações até 2033, substituindo progressivamente o trabalho humano por máquinas, segundo documentos internos obtidos pelo The New York Times. A iniciativa permitiria à companhia “evitar” a contratação de mais de 600 mil pessoas, reduzindo gastos trabalhistas e acelerando o ritmo de entrega de pacotes.
A estratégia faz parte de um projeto que já está em andamento no centro logístico mais avançado da empresa, em Shreveport, no estado americano da Louisiana. Lá, mil robôs já executam grande parte das tarefas de separação, empacotamento e transporte, o que permitiu reduzir em 25% o número de funcionários em 2024. A expectativa é que, até 2026, esse contingente seja cortado pela metade. Segundo os documentos, a automação pode gerar uma economia de US$ 0,30 por pacote, o que representa bilhões de dólares em custos poupados.
Um futuro automatizado?
O armazém de Shreveport é considerado um protótipo para o modelo que a Amazon pretende replicar em ao menos 40 outros centros até 2027. A empresa, no entanto, evita usar termos como “automação” ou “inteligência artificial”, preferindo expressões como “tecnologia avançada” ou “cobots” (abreviação de “robôs colaborativos”), numa tentativa de suavizar a percepção pública sobre a substituição de trabalhadores.
De acordo com o The New York Times, executivos da companhia já discutem campanhas de relações públicas e ações de caridade para mitigar o impacto negativo da medida na opinião pública.
De criadora a destruidora de empregos?
Desde 2018, a Amazon triplicou seu quadro de funcionários nos Estados Unidos, chegando a quase 1,2 milhão de pessoas. Agora, a empresa pode se tornar o oposto do que já foi: uma das maiores criadoras de empregos do país prestes a se transformar em grande destruidora de postos de trabalho, alerta o economista Daron Acemoglu, do MIT, em entrevista ao New York Times.
Segundo o especialista, a iniciativa da Amazon pode marcar um ponto de inflexão para o mercado de trabalho global, já que outras corporações tendem a adotar estratégias semelhantes caso o plano da empresa se mostre lucrativo. “Uma vez que isso funcione, será apenas questão de tempo até que as demais sigam o mesmo caminho”, afirmou o economista ao jornal americano.