Há algumas semanas foi confirmado o começo da produção de novelas verticais por parte da TV Globo e também da Netflix, de olho numa tendência de consumo de vídeos em redes sociais que demandam esse formato. Mariana Dias, autora do livro Narrativa Transmídia: universos ficcionais em múltiplas mídias, e produtora de séries voltadas para o mercado digital, é a convidada do programa semanal da coluna GENTE (disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+, na TV Samsung Plus e também na versão podcast no Spotify). No bate-papo gravado no Le Cordon Bleu, no Rio de Janeiro, ela fala sobre os desafios atuais desse novo modelo de negócios do setor audiovisual e de que forma isso já vem sacudindo o mercado. Idealizadora, roteirista, atriz e produtora da série transmídia Desnorteadas, reconhecida internacionalmente com prêmios em festivais como Rio WebFest, Seoul Webfest, NZ Web Fest e Tokyo Short Film Festival, Mariana aponta os rumos de um tipo de produção ainda pouco debatida, mas já popular com alguns nichos de público.
NEM TÃO NOVO ASSIM. “A Netflix e a Globo estão entrando agora, mas as novelas verticais não são novidade, elas existem há bastante tempo. Desde que TikTok e Kawai entraram no mercado e o Reels (formato de vídeo do Instagram) entrou para bater de frente com essas plataformas. A gente já tem muita produção de conteúdo vertical e de dramas verticais. Por exemplo, Marquene já faz novelas para o Kawai há muito tempo. Só que agora a gente tem a entrada dos Real Shorts no Brasil, que já faz sucesso nos Estados Unidos. E tem outras, várias variações, que são plataformas específicas que você tem que pagar assinatura, como se paga Netflix, Amazon, HBO…”
FORMATOS ÁGEIS. “A maior parte das produções que está nessas plataformas, elas bebem muito da narrativa do melodrama clássico. Já se fazia muito na Coreia, não só nos Estados Unidos, mas também China e Turquia. E há vários formatos. Tanto as novelas curtas e verticais, de quase um episódio por cena, quanto a narrativa dramatúrgica que divide as cenas por episódios que juntam mais de uma cena”.
MARIDO MILIONÁRIO. “Estima-se que 75% do público seja feminino, dessas produções específicas de melodrama vertical. E aí são sempre coisas de rivalidade, traição, triângulos amorosos, tramas de buscas por um marido milionário… Os nomes são até engraçados. A primeira brasileira para esse tipo de plataforma, que é A Vida Secreta do Meu Marido Milionário, é uma adaptação de uma série americana”.
A GLOBO DE OLHO. “É um momento em que os grandes meios, os meios consagrados, estão olhando para esse tipo de produção, junto com isso temos uma maior profissionalização. Agora temos produtoras investindo tanto em criação de novelas verticais, quanto na criação de plataformas”.
Agradecimento: Le Cordon Bleu / Apoio: Sem Casca Comunicação / Sobre o programa semanal da coluna GENTE. Quando: vai ao ar toda segunda-feira. Onde assistir: No canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+, na TV Samsung Plus ou no canal VEJA GENTE no Spotify, na versão podcast.