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O embate sobre estupro entre Erika Hilton e Janaina Paschoal

Na mesma semana em que viralizou nas redes sociais um debate entre a ex-deputada federal Manuela D’Ávila (de esquerda e progressista) e a influenciadora digital Cíntia Chagas (de direita e conservadora), apontando que mulheres de ideologias opostas podem convergir quando o assunto é a violência contra as mulheres, outra discussão com outras duas mulheres de posições opostas mostrou que a convergência feminina não é tão simples e tampouco corriqueira.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e a vereadora da capital paulista Janaína Paschoal (PP-SP) expuseram nas redes sociais na quinta-feira, 23, suas discordâncias sobre a questão do estupro, desvelando o embate ideológico que se impõe entre elas mesmo em questões referentes aos direitos das mulheres e sua proteção.

A questão teve início quando Erika criticou a decisão da Justiça de São Paulo de derrubar a liminar que autorizava o aborto nos casos de retirada da camisinha sem o consentimento da mulher. O posicionamento foi respondido por Janaína.

“Isso é nojento. A Justiça [está] dizendo que um homem pode forçar uma mulher a engravidar, e ela não poderá fazer nada sobre isso. Essa decisão esdrúxula dá a estupradores o direito sobre o corpo de mulheres”, iniciou a parlamentar de esquerda.

“Assim como todo ato sexual indesejado e forçado, a retirada de camisinha sem consentimento da mulher configura estupro, conforme já decidiu a Justiça e é óbvio para qualquer pessoa que tenha o mínimo de respeito pelo direito ao consentimento”, declarou.

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Do outro lado, Janaína respondeu defendendo que, na opinião dela, a retirada da camisinha não pode configurar o ato sexual como estupro. “Não, deputada! Essa decisão apenas tem a cautela de tratar por estupro o que, de fato, é estupro. Retirar o preservativo é uma deslealdade, mas não transforma uma relação sexual consentida em uma relação sexual forçada”, disse.

Por fim, a vereadora de direita ainda alfinetou os posicionamentos do partido de Erika Hilton quanto ao aborto: “Aliás, a senhora poderia explicar por qual razão não apoia investigar os estupros de verdade”, disse em referência às obstruções do PSOL às votações do projeto de lei de sua autoria que visava obrigar casos de aborto legais, por situações de estupro, serem notificados às forças de segurança.

“Muitas vezes é uma criança ou uma adolescente que foi estuprada e chega em um hospital para fazer o aborto e esse caso não é notificado à polícia, fica sem investigação. Essa menina é devolvida a seu lar, correndo risco de ser estuprada novamente”, falou Janaína a VEJA, ao explicar a intenção de seu projeto e sua crítica no final da publicação. Mais tarde no mesmo dia, Janaína voltou a fazer uma publicação sobre o tema no X, explicando a referência de sua crítica.

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Questionada por VEJA sobre um posicionamento às críticas, a equipe da deputada Erika Hilton disse apenas que “os comentários a Janaina do público já respondem tudo”. A assessoria da deputada também encaminhou uma notícia da Agência Brasil que aponta que a retirada da camisinha é considerada estupro desde março deste ano, após decisão judicial neste sentido.

A deputada também fez uma nova publicação nas redes para responder à vereadora diretamente: “O homem tirar camisinha contra a vontade da mulher, possivelmente transmitindo ISTs ou a engravidando, é deslealdade, Janaína? (…) Deslealdade é você mentir que eu sou contra investigar os estupros enquanto o seu partido, o Progressistas, homenageou em abril deste ano, na Alesp, o médico Milton Seigi Hayashi, que foi condenado no ano passado a 16 anos de prisão por estuprar a própria sobrinha de 9 anos de idade. (…) Crie vergonha na cara, pare de mentir e vá achar o que fazer em prol do povo de São Paulo. As ruas todas cheias de buraco e você defendendo agressão sexual na internet”, escreveu a parlamentar.

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